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CAPITULO 42
- Dave... Dave,
estás acordado? - perguntou Jamie bem dentro dos seus braços nus. Levantou a
cabeça e encontrou os olhos abertos numa expressão inquietante.
O quarto iluminava-se cada vez mais e a chuva
batia fortemente nas janelas produzindo um som em nada tranquilizante.
- Quem é que
consegue dormir com todo este barulho?
- Eu tentei
adormecer mas não consegui. Nunca esteve este tempo em Semy, pelo menos desde
que cheguei cá.
- Nunca vi nada
igual. E não está a agradar-me. Estou a ficar preocupado... Se continuar a
chover assim... algumas casas da povoação poderão ficar inundadas... isto sem
falar no vento que sopra e que já deve ter destruído alguns telhados.
- Não poderemos
fazer algo?
- Talvez.
- Podemos ir ver
como estão as coisas e se houver problemas com as casas levamos as pessoas no
celeiro principal que é um lugar quente e seguro.
- Tens razão. Não
estamos aqui a fazer nada. Vamos levantar-nos.
- Ficaremos mais
descansados.
Dave e Jamie saíram da cama e vestiram-se
rapidamente, preparados para enfrentar o tempo furioso do exterior. Quando
chegaram à sala principal, Dan Tolos encontrava-se junto da lareira. Aquecia as
mãos.
- Não consegui
dormir. Este tempo está a preocupar-me. Nunca vi nada assim.
- Também não
conseguimos adormecer.
- Vamos até lá
fora. - disse Dave levando Jamie pela mão.
- Esperem! Vou
convosco. Não consigo ficar aqui sem fazer nada...
- É melhor não.
- Dave, eu estou a
ficar preocupado e posso ajudar se houver problemas. Não chamas o teu irmão?
- Não... Não o
quero incomodar. Ele saberá onde me encontrar.
A correr, abandonaram a sala.
- Como está a
situação, Lann?
- Não sei ainda,
senhor. Aqui no pátio apenas alguns danos menores. Fora dos muros do castelo,
não sei de nada. Cheguei há pouco tempo. Enviei homens para ver o que se passa
pela cidade. Suspeito que haja problemas. Este vento e principalmente a
chuva...
- De certeza que já
fizeram estragos. - disse Dan perante o olhar reprovador de Lann. Era notório
no rosto de Lann a insatisfação com a presença daquele homem em Semy.
- É por causa dela
que estou preocupado. Vem.
O vento soprava fortemente e a chuva caía sem
cessar juntamente com a dança ininterrupta dos raios no céu. Encharcados,
saíram do pátio e começaram a percorrer as ruas de Semy.
- Não vejo hipótese
de isto passar rapidamente. - afirmou Jamie a olhar para o céu.
- Cuidado, Dave! -
avisou Dan Tolos ao mesmo tempo que puxou o alto Elmer por um braço.
Do telhado, saiu disparado um tronco de
madeira que deixou, em seu lugar, um buraco na estrutura da pequena casa. O
tronco caiu mesmo no local onde Dave estivera. Teria sido um acidente fatal.
Ainda a imaginar o que lhe poderia ter
acontecido, Dave não sabia o que pensar. O seu maior inimigo acabava de lhe
salvar a vida. Porquê? Estaria a ser sincero na amizade que prometia? Poderia
ter aproveitado aquele acidente. Mas... Porquê? Porquê? Porquê?
- Obrigado, Dan. -
acabou por dizer quase num murmúrio.
- Consegui ver a
tempo. Não tens de me agradecer. Vamos ver ali mais abaixo. Estão lá muitas
pessoas. Aconteceu algo!!
- Olha ali Dave. Há
um incêndio!! - alertou Jamie.
- Lann, corre para
o castelo e reúne o maior número de homens. Receio que haja grandes estragos na
povoação. Chama também o Jullien. Há trabalho para todos. Depressa!!
Sempre a correr, desceram uma rua e foram ao
encontro do ajuntamento. Furaram caminho e observaram com tristeza o que surgiu
aos seus olhos. Uma casa tinha sido destruída por um raio, e todos os seus
ocupantes permaneciam subterrados nos destroços. E se não bastasse, o fogo
tratava de destruir o que restava do choque de energias. Muitos foram aqueles
que tentaram retirar as pedras e madeira, mas o vento, a chuva e o fogo,
dificultaram o seu trabalho. Dave, Jamie e Dan juntaram-se ao grupo e também
ajudaram no levantar do que sobrara da casa. Agora, restava presenciar o fim do
fogo. Já nada poderiam fazer para salvar aquela família. Chegaram tarde demais.
Pouco depois, mais alguns chegaram ao local,
assim como Jullien. Os corpos dos ocupantes daquela pequena casa encontravam-se
praticamente incógnitos. Queimaduras e muito sangue espalhavam-se por todos os
cadáveres.
Logo mais abaixo, uma outra casa ameaçava
ruir a qualquer momento. Um grupo, dirigiu-se para lá e enquanto apoiavam a
estrutura frágil e parcialmente destruída, os seus donos retiraram do interior
os poucos haveres de que dispunham. Após a dolorosa despedida, a casa caiu em
terra. A noite terrível tinha feito mais uma vítima.
O vento, os raios e principalmente a chuva
não dava tréguas.
Dan, Dave e Jamie afastaram-se do local e
repousaram um pouco debaixo do telhado de uma outra casa. Logo de seguida,
Jullien juntou-se-lhes.
- Preciso usar o
celeiro para tratar dos feridos.
- Sim, claro
Jullien. Leva o Lann contigo e tratem de arranjar um local para recolher os
feridos e quem fique sem casa. - disse Dave a olhar para o céu. - Assim que
terminar de ver tudo que se passa na cidade irei ter convosco.
- Estou muito
assustada com tudo isto. Nunca assisti a uma tempestade tão forte.
- Não te preocupes.
- Disse Dan também algo apreensivo.
- Até parece uma
revolta dos céus... - acrescentou Jullien.
- Tudo correrá bem.
É preciso ter calma. - murmurou Dave abraçado à esposa.
- Eu posso ir ver o
que se passa naquela zona - disse Dan apontando para a direita.
- Eu e Jamie
seguimos por aquele lado, tu, por ali. Encontramo-nos aqui depois da ronda pela
povoação. Lann, vai chamar o meu irmão. Diz-lhe que organize abrigos para os
desalojados e que prepare o celeiro para os feridos. Vão!!
Jullien, Lann e Dan afastaram-se rapidamente
sem ligarem à chuva torrencial e ao vendaval.
- Esta noite irá
ser inesquecível... Minha querida cidade...
- OH, Dave! Agora é
a minha vez de te dizer que tudo correrá bem. Calma.
- Nastro não deve
estar melhor.
- Tens razão.
Talvez até estejam pior. Não têm o seu senhor para os orientar e... têm falta
de escravos.
- Não falemos disso
agora. Eu devo é preocupar-me com Semy.
- Sim. Vamos ver
quem precisa da nossa ajuda.
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