domingo, 20 de junho de 2010

Semy (Capitulo 006)

(Capítulos anteriores: 001, 002, 003, 004, 005)

CAPITULO 6

Três homens altos e bem constituídos seguravam firmemente as espadas em direcção a Jamie, Kate e Muriel. Mais afastado, um outro grupo de cerca de uma dúzia de guerreiros parecia esperar por ordens para avançarem. De espadas na mão, olhavam para elas desconfiados.
Dois deles possuíam semelhanças nas feições e igual tom de cabelo. O louro palha ligava bem com o azul discreto dos olhos, olhos esses, que as observavam atentamente. Vestiam uma túnica escura adornada por um grosso cinto colocado diagonalmente sobre as ancas e umas calças largas apertadas por botas de cabedal a partir dos joelhos. A ajustar as botas às pernas, usavam fios escuros de dois dedos de largura.
As expressões de surpresa e desconfiança pairavam por todos os rostos. Mas um deles reflectia com rudeza um olhar que preocupou Jamie. Compreendeu que tinham vindo parar a um mundo sem leis e sem justiça. Agora, a luta pela sobrevivência era mais do que real.
Com o olhar entre a ponta da espada que se mantinha imóvel e no homem que a segurava, Jamie acordou depressa as amigas. A surpresa das duas só aumentou o cuidado daqueles homens. Levantando as mãos, Jamie pediu calma e mostrou que não queriam ripostar.
O homem que segurava a espada em direcção a Jamie Mills foi o primeiro a falar.
Quem são vocês? De onde fugiram? - Vendo que estavam com receio de falar, acrescentou: - Não são escravas... Não são destas redondezas... Já repararam nos cabelos? Negros...
- Devemos recear, Dave. Conhecemos alguém assim. - sussurrou o mais novo. - Não terão vindo de lá?
- Não me parece. Não me lembro de ver mulheres assim em Nastro. Não há mulheres assim aqui.. - Sem tirar os olhos de Jamie perguntou aproximando mais a ponta da espada: - Falem!! De onde surgiram? De que terra vêm? - E a ponta tocou perigosamente na pele da rapariga obrigando-a a uma expressão de dor no rosto.
- Se desviar a ponta da espada do meu peito, eu falarei melhor. Por favor... - pediu Jamie sem demonstrar o medo que sentia de todos aqueles homens armados e rudes. - Obrigada. - Agradeceu após ter sido desviada um pouco. - O meu nome é Jamie Mills, ela é Kate Donan e ela Muriel Walters. Não sei como explicar... Se eu explicasse porque é que nos encontramos aqui e porque razão não podemos voltar para onde viemos, não acreditariam. Por isso, é completamente impossível informá-lo sobre a nossa origem por falta de alguns dados necessários ao seu entendimento. - A ponta da espada tocou de novo a pele ameaçadoramente. - Portanto... façam de nós o que quiserem.
- Sim. - acrescentou Kate abraçada a Jamie.
- Não querias gente, pois aqui estão eles, em carne e osso. - sussurou Jamie.
- Só imaginava este tipo de gente nas histórias medievais que lia em pequena...
- Eles não são um sonho, são a realidade, a nossa actual realidade. - murmurou Muriel.
- Parem de falar! Estão a lançar-nos algum feitiço?
- Não somos feiticeiras. Desconhecemos tais segredos. Apenas estávamos a comentar a nossa surpresa por perceber que existem pessoas neste lugar, nada mais.
- Não são mesmo daqui. Falam de um modo estranho. Reparem nas roupas e no aspecto. O que fazemos com elas, Dave? - perguntou o que segurava a espada em direcção a Muriel.
Depois de as observar bem de novo, o que segurava a espada em driracção a Jamie deu as ordens.
- Levamo-las para a cidade como escravas. Possuem um bom corpo para os trabalhos de Semy. Parecem ter muita força e podem render-nos um bom dinheiro. Lá saberemos muito mais sobre elas. Levem-nas!!
- Certo! Estamos fatigados da caçada. Levantem-se depressa! Depressa! - ordenou o homem situado frente a Muriel, fazendo o gesto de subir com a espada, sinal que todas elas compreenderam e respeitaram sem demora.
Com brusquidão, ataram as pernas e pulsos com força e colocaram-nas atravessadas de barriga para baixo, junto ao pescoço dos cavalos com a caça. Jamie fez uma careta assim que reparou no veado cheio de sangue que ficara a seu lado. Kate chorou ao se ver no meio de peças de caça. Ela era a mais medrosa de todas e estava cheia de medo. Jamie tentou acalmá-la mas já estava longe e Kate não a ouviu.
Tinham sido também caçadas, caçadas para um destino que desconheciam. O desconhecido era mesmo o que as esperaria nos dias seguintes. E num andamento veloz, os cavalos iniciaram o percurso do novo caminho. Enquanto cavalgavam através de um vale florido, Jamie pensou lá bem para consigo: "Viemos parar ao tempo dos cavaleiros medievais... só que estes não devem salvar damas em perigo. Para onde é que nos irão levar? O que nos irá acontecer?... Maldito sejas, John Shaw! Maldito sejas! Onde quer que estejas.

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