sábado, 22 de maio de 2010

Semy (um livro em várias partes - Parte 001)

Há uns bons anos atrás (no final do liceu), escrevi este livro e decidi ir colocando aqui, em vários pedaços. Trata-se das aventuras de três amigas que, um dia, viajaram para uma época diferente da que sempre viveram. O livro chama-se Semy e segue o 1º capitulo...

CAPITULO 1

Numa cidade tão grande como é Los Angeles, uma pessoa torna-se insignificante no meio de uma multidão. Mas para Jamie Mills o simples atravessar de uma rua e ir a um quiosque, poderia vir a ser, de um momento para o outro, muito significativo. Cruzou a rua depressa no intento de evitar o mais possível os encontrões cegos das pessoas e chegou junto do dono do quiosque colorido.
- Bom dia. Queria um exemplar de cada jornal. - pediu dando uma rápida olhadela pelas revistas expostas.
Soprava uma brisa fria de fim de verão, desagradável para quem ainda quisesse sentir o calor na pele. O leve vento produziu, momentaneamente, alguns calafrios em Jamie. Não trouxera o casaco pois morava num pequeno apartamento no outro lado da rua. Compartilhava-o com mais duas amigas. As três jovens inseparáveis, procuravam emprego e, todos os dias, uma delas saía e comprava os jornais diários. Conheceram-se no liceu e, não tendo actualmente nenhum parente próximo, juntaram-se numa única e unida família.
Jamie era a mais alta e a mais discreta de todas. Na sua cara, apenas os grandes olhos castanhos lhe davam graça. Sempre que podia, fazia ginástica, o que mantinha o seu corpo airoso em perfeitas condições. Mais uma vez, o longo cabelo castanho escuro encaracolado agitou-se com a passagem da brisa matutina. Pegou nos vários jornais, pagou, e afastou-se do quiosque. Com alguns debaixo do braço, abriu um diário e começou a lê-lo ao mesmo tempo que caminhava ao longo da rua movimentada. No caminho para casa, Muriel avistou-a e com dois sacos cheios de artigos do supermercado nos braços, dirigiu-se para ela.
Muriel Walters era outra das ocupantes do apartamento de Jamie. De estatura média, mantinha também o corpo esbelto em boa forma. Era dona de uma forte beleza natural de onde sobressaía um belo nariz aliado a um delicado par de olhos de cor preta. Naquele dia trazia o cabelo preto preso na nuca.
- Como estão hoje as páginas de empregos?
- Sete páginas inteiras. Nos outros jornais ainda não sei. Veremos quando chegarmos a casa.
O rodar da chave na porta foi o aviso para Kate, a última das inquilinas do apartamento. Kate Donan era a mais pequena do trio. Sustentava os cento e cinquenta e oito centímetros numa elegância de invejar. Usava o cabelo castanho pelo pescoço, o que lhe dava um ar juvenil apesar dos seus vinte e quatro anos. Os olhos castanhos claros observaram a entrada calma das duas amigas. Ajudou Muriel a colocar os sacos na mesa da sala comum com a cozinha e, logo em seguida, sentaram-se no sofá junto a Jamie que já mantinha os jornais abertos na secção de empregos. Atentamente, cada uma procurou no respectivo jornal.
- Muitos deles não servem para nós. Ou somos jovens demais ou velhas demais. - disse Kate tristemente.
- Ou não temos qualificação. - acrescentou Muriel.
- Numa cidade destas existem muitos tipos de emprego. É preciso insistir. Procurem bem...
- Concordo, Jamie. Temos de ter paciência.
- Paciência tenho eu muita, dinheiro é que não. O dinheiro que ganhámos nos últimos trabalhos já está praticamente no fim. Naquela mansão é que estávamos bem. Os donos eram tão bons para nós. Foi uma pena terem voltado para a sua terra natal. Apenas partiram à quatro semanas e eu já tenho saudades daqueles ingleses tão simpáticos! Era um casal de velhotes bestial. Faziam sentir os jovens ainda mais jovens.
- Esquece isso, Kate. Foram bons tempos mas agora temos de viver o presente, o presente tão perto do futuro. Talvez nunca venhamos a ter uma oportunidade como a dos ingleses, mas não é a olhar para o ar que conseguiremos resultados. - declarou Muriel quando se levantou para preparar um caneca de café.
- Acho que descobri um interessante para nós. - interveio Jamie ajoelhada em cima do sofá.
Com a curiosidade de ir ver do que se tratava, Muriel entornou café nas calças e no chão. Mas mesmo assim aproximou-se das duas sem deixar de resmungar consigo própria. Espreitou para o jornal e procurou o local exacto.
- Vou ler. - disse Jamie levantando o jornal. - "Cientista residente nos arredores de Los Angeles necessita de duas a quatro assistentes de preferência do sexo feminino, com idades compreendidas entre vinte e trinta anos. Aceitam-se grupos. Por dois meses, quinhentos mil dólares. É pedido a todas as candidatas que não tenham qualquer membro directo de família. Alojamento e alimentação garantido durante o tempo de permanência", e depois vem o endereço. Nada mais. Que acham? Hum! Vá digam qualquer coisa...
- Tu deves estar doida! Um emprego com risco de vida! - exclamou Kate furiosa levantando-se do sofá.
- Pensa no dinheiro... Quinhentos mil dólares em dois meses! É uma óptima oportunidade. E nós não temos família. Os membros mais chegados já morreram todos. Apenas receio do que nos possa acontecer. Mas acho que se tivermos cuidado, tudo correrá sem problemas. É de tentar. - afirmou Muriel antes de beber de seguida o resto do café que tinha na caneca.
- Não vai acontecer nada do que estão para aí a pensar! Nunca fomos azarentas, sempre tivemos sorte. Visto que concordam, vamos ver o ambiente hoje, depois do almoço.
- Eu não concordo... mas como eu nunca tenho a palavra em nada... tenho mesmo de concordar. - resmungou Kate enquanto caminhava para a cozinha.- Isto, ainda vai dar sarilhos! Lembrem-se bem do que eu disse! Sarilhos! Sarilhos! E mais sarilhos!

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