segunda-feira, 11 de abril de 2011

Semy (Capitulo 029)

(Capítulos anteriores: 001, 002, 003, 004, 005, 006, 007, 008, 009, 010, 011, 012, 013, 014, 015, 016, 017, 018, 019, 020, 021, 022, 023, 024, 025, 026, 027, 028)

CAPITULO 29

Nessa noite o jantar foi na nova casa de Wise Sage, casa essa um pouco maior que a anterior. Todos ajudaram na construção da cabana no pátio para que estivesse pronta antes do dia da grande festa em Semy. O velho sábio ainda não colocara tudo ao seu gosto mas não tinha pressa em o fazer. O interior manteve-se dentro da linha da casa antiga: uma cama junto a uma das paredes, a mesa para os seus estudos, fabricação de poções e alimentação, um canto reservado aos objectos pessoais e roupas e, para que a casa tivesse mais luz, existiam duas janelas em vez de uma.
A alegria e boa disposição prolongaram o jantar até tarde. Muitos licores e vinhos espalhados pela mesa acompanharam as diversas iguarias que as três tinham preparado. Dave, Leo e Clive entraram no castelo apoiados nas suas noivas por consequência da abundância das bebidas ao longo do serão. Com especial cuidado e carinho, colocaram-nos nas respectivas camas e afastaram-se indo para o antigo aposento. Logo de manhã, partiriam dele como mandava a tradição.
Cansadas com os preparativos, adormeceram sem demora.
Depressa o castelo ficou em silêncio e deserto, excepto alguns guardas que faziam a ronda pelos corredores.
Quando a noite ia no seu auge, seis figuras passaram de corredor em corredor. Demonstrando um conhecimento exímio dos locais por onde passavam, não produziam o mínimo som e avançavam sem serem vistas pelos guardas da noite. Eram homens que traziam o rosto tapado por panos pretos e as restantes peças do seu traje eram também dessa cor escura. Pouco a pouco, os desconhecidos aproximavam-se do quarto das mulheres morenas. Os guardas que se encontravam naquele corredor, foram neutralizados rapidamente, o que terminou com qualquer tentativa de ripostarem. O seu destino naquela noite era ficarem estendidos no chão sem sentidos. Os punhais afiados dos desconhecidos tinham feito o seu trabalho. Não poderiam parar. Era preciso avançar.
Prosseguiram o caminho e chegaram junto de um quarto. Cuidadosamente, um deles abriu a porta. Fez um sinal com a cabeça e os outros seguiram para o interior do aposento, com ele sempre a vigiar o corredor, não fosse alguém aparecer e serem descobertos. Só entrou no quarto depois dos restantes já se encontrarem seguros. O vigilante e mais dois pegaram nos respectivos lenços que traziam em volta do pescoço e taparam a boca das três morenas. Ao mesmo tempo, os restantes ataram as pernas junto dos joelhos e tornozelos. Somente Muriel e Jamie acordaram nessa ocasião. Esta última não parava de olhar para o homem que lhe tapava o único meio de avisar os guardas. Teria de descobrir de quem se tratava apesar de algo lhe dizer quem era, não poderia acreditar nessa hipótese. Não queria acreditar nessa hipótese. Depois de muitas tentativas, Jamie conseguiu soltar uma das mãos e, sem que o estranho esperasse, retirou o pano preto que lhe ocultava a cara. Dan Tolos tinha sido descoberto.
Furioso, virou-a e atou-lhe os pulsos com força. Quando terminou o seu trabalho permaneceu a observá-la. Os seus olhos azuis turquesa brilhavam intensamente. Jamie via-os através da pouca luz que vinha do exterior, da luz ténue dos poucos archotes acesos do pátio. Kate só acordou quando já se encontrava totalmente presa. Com elas aos ombros, os cinco primeiros saíram e deixaram o último a fechar a porta.
Tão facilmente como entraram, abandonaram o castelo.
Percorreram o pátio rapidamente sem que nenhum dos guardas, das torres e muralha, notassem qualquer movimento revelador da sua presença. Correram junto à parede dos celeiros, cavalariças e casas dos escravos, escondidos pela sombra que os telhados proporcionavam. Montaram em cavalos que roubaram das cavalariças dos Elmer. Sem muito barulho, deixaram o pátio para trás.
Quando os guardas que se encontravam na fortaleza, à saída da cidade, escutaram os cascos dos cavalos a baterem no solo duro, tentaram impedi-los com flechas. Reconheceram que aqueles cavaleiros não pertenciam a Semy. Porém, com a ausência de um pouco de luz tornou-se impossível acertar. Perplexos observaram, impotentes, as silhuetas dos desconhecidos a afastarem-se da cidade. Não havia maneira de os impedir na saída. Da última vez que Dan Tolos tinha aparecido na cidade destruíra por completo o portal de madeira e metal e ainda um bocado da muralha que rodeava e protegia toda a povoação. Nem mesmo os guardas colocados lá poderiam impedi-los. Um destes ainda conseguiu atingir um dos seis desconhecidos. Mas mesmo ferido prosseguiu com a corrida. Talvez nunca chegasse vivo a Nastro.
Vendo a gravidade da situação, os guardas dirigiram-se imediatamente para a torre de menagem onde entraram a correr. Os colegas da noite ao escutarem gritos e passos velozes, inquiriram sobre a urgência daquele modo de apresentação. Transtornados, relataram o que tinham observado.
A cambalearem um pouco, os Elmer apareceram na sala e depararam com os guerreiros.
- O que se passa? - perguntou Leo com a mão na cabeça.
- O que aconteceu para nos acordarem deste modo? - inquiriu Dave furioso.
- Lamento informá-los, senhores, mas raptaram as noivas de vossas senhorias. - respondeu um dos homens ainda cansado da corrida até ao castelo.
- O quê?! Muriel, Jamie e Kate?!! As três? - repetiu Leo que despertou de vez.
- Sim, é verdade. Só os detectámos quando roubaram cavalos e saíram do pátio.
- Contem-me JÁ O QUE SE PASSOU!!! Quem as levou? - gritou Dave.
- Cavaleiros vestidos de negro levaram-nas atravessadas nos cavalos, à frente. Só conseguimos distinguir as sombras brancas dos trajos.
- Não é possível! - disse Dave pasmado. - Vão acordar o Clive Já!! Quero todos os guardas no pátio imediatamente!!!!! - gritou atirando com uma cadeira para o chão.
- Poderei atrever-me a divulgar o meu suspeito, senhores?
- Não precisas de dizer de quem se trata. - replicou Leo.
- Dan Tolos... - sussurrou com ódio Dave sem tirar os olhos da sua espada. - Só pode ter sido ele...
Não podia crer na ousadia de Dan Tolos. Agora era a guerra.


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