CAPITULO 27
- Será mesmo amor o que Dan sente por mim?
Dave manteve-se calado.
- Ou será apenas o desejo de um troféu?
- Não sei, Jamie. - Dave passando com a mão pela cara e cabelos visivelmente incomodado. - A minha raiva não me deixa pensar como deveria.
- Nem eu. - respondeu a jovem que repousava entre as pernas de Dave. Este, sentado num dos montes de almofadas, acariciava-lhe as mãos. Os dedos de ambos serviam de brinquedos momentâneos.
- Nunca senti ódio por ninguém como estou a sentir por ele. Só que eu fiz uma jura a meu pai... mas estou prestes a quebrá-la.
- E se isto do Dan for apenas uma fase?
- Como assim?
- Ele pode pensar que sente algo por mim mas no fundo ser apenas uma vontade de experimentar um tipo diferente de mulher, uma novidade. E com o tempo acabará por passar...
- Não acredito. Nunca vi Dan Tolos assim. Fez muitas loucuras mas nada como o que anda a fazer.
- Vocês cresceram... juntos?
- Não. Não propriamente. Por sermos de reinos vizinhos tivemos de conviver ao longo dos anos. Crescemos, cruzámos muitas vezes as nossas vidas, todavia... continua a ser um enigma para mim o seu viver. Foi sempre uma pessoa complexa, rebelde e, acima de tudo, malicioso em todas as atitudes que tomava. Creio que houve poucas ocasiões em que fosse bondoso, complacente e justiceiro. Herdou muito pouco de meu pai. Criou um mundo fictício à sua volta com todos os modos e leis de sua autoria. Sempre pensou dominar Semy quando o meu pai faleceu. Mas aí conheceu os seus maiores opositores: nós. Então, tornou-se cada vez mais impiedoso e cruel. Pensa que dessa maneira prova que é o mais poderoso deste país. Está sempre a mostrar que tem poder sobre nós devido à jura que fiz a meu pai. E ele sempre soube usá-la em seu proveito... Até agora provocava-me com situações e questões com que eu sabia lidar... mas... - e agarrou-se a Jamie. - conseguiu vacilar-me, conseguiu finalmente dar-me um forte motivo para o enfrentar e acabar com ele.
Jamie beijou-o e acrescentou:
- O mal foi deixarem-no chegar a este ponto.
- Estás a culpar-me?
- Não... e sim.
- Explica-te.
- Por cederes em nome do teu pai, deixaste-o crescer. Dan Tolos é uma erva daninha que necessita que lhe cortem a raiz para nunca mais prejudicar ninguém. Não chega arrancar as folhas. Tem de ser algo mais profundo.
- Vontade não me falta...
- A jura que fizeste tem de ser quebrada. Certamente o teu pai nunca supôs que ele se tornasse no que se tornou. Ele apenas queria que os filhos se dessem bem. Mas muita coisa mudou... Pensa no que ele já fez durante todo este tempo. - Jamie fez uma pausa e continuou. - Receio que o pior ainda esteja para vir.
- E por sentir o mesmo é que estou a pensar tanto no que devo fazer.
- Sei que detestas guerras...
- Tenho medo de te perder. - Acariciou o rosto de Jamie - Não sei o que fazia se te perdesse.
- Não me vais perder. É bom estar entre os teus braços. Sinto-me segura como nunca o senti. Jamais tive momentos de felicidade como aqueles que me tens proporcionado. Mas confesso que não consigo afastar uma sensação de profundo temor. O medo cresce dentro de mim e descontrola-me, torna-me impotente... fraca. É como se rondassem por mim forças que não consigo controlar por mais que tente. Só tu, a meu lado, poderás dar e dás o que tanto necessito. Eu amo-te muito, Dave. Não te quero perder! Tu és um rio que percorre as minhas margens com calor, suavidade, segurança e sensualidade. Um rio passional. Fazes-me sentir mais mulher... Esqueço todos os problemas quando estou a teu lado. Quero-te tanto bem! - Terminou abraçando-o fortemente. Uma lágrima que teimava em não cair, dançou pela cara de Jamie. Com um dedo, Dave limpou-a.
- ohhh mulher, onde estiveste durante o tempo em que não te tive?
- À tua espera...
E beijaram-se esquecendo por instantes quem, de longe, planeava mudar as suas vidas.
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