CAPITULO 32
Quando chegou ao seu castelo, depois do rapto, Dan nada lhes fez. Fechou-as num quarto e deixando-as amarradas, colocou-as sobre uma cama. Apesar do medo, acabaram por fechar os olhos. A escuridão do local assim aconselhava. Mas nenhuma delas conseguiu dormir.
Aos primeiros raios do novo dia despertaram da calma com o abrir da porta. A grande figura de Dan Tolos surgiu no seu limiar. Por momentos, fixou os olhos tristes de Jamie que demonstravam bem o receio que sentia naquele momento. Pegou nela ao colo e desapareceu do pequeno quarto. As outras duas tentaram novamente desapertar as cordas que as prendiam mas sem sucesso. Começaram a chorar; não sabiam o que ele iria fazer com a sua amiga e, assim presas, não a poderiam ajudar.
Com calma, Tolos levou-a para os seus aposentos. Eram, em muitos aspectos, semelhantes aos dos existentes no castelo de Semy acrescidos de uma excessiva riqueza. Havia mesas espalhadas por todo o lado, uma cama larga com dossel e algumas tapeçarias de pequeno volume penduradas nas paredes.
Apesar dos safanões que Jamie lhe infringia, Dan sentou-a com suavidade numa enorme cadeira e afastou-se para fechar a porta. Enquanto a fechava, Jamie saltou para o chão numa tentativa de chegar à espada em cima da mesa mais perto. Dan trancou bem a porta. Pelo canto do olho apercebeu-se de que Jamie observava todos os seus movimentos. Talvez não os quisesse esconder dela. Virou-se e viu-a no chão a rastejar. Mais uma vez, não tirou os olhos da morena que tanto o fascinava. Jamie parou e sentiu algo nos seus olhos que não conseguiu desvendar. Oferecia-lhe uma misteriosa sensação de que ficaria para sempre ligada aquele homem belo, mas detestável. Tolos aproximou-se e sentou-a de novo na cadeira. Ajoelhou-se e junto dos pés nus de Jamie acariciou-os. Retirou-lhe o lenço que a impossibilitava de falar e, ao sentir a boca livre, Jamie resmungou desesperada:
- Maldito! Maldito sejas!
Tolos sorriu.
- Que bom ouvir novamente a tua doce voz, minha querida. - afirmou olhando-a bem nos olhos a pouca distância.
- Porque é que não me deixas em paz? Tens tantas outras escravas para teu belo prazer...
Dan Tolos sorriu.
- Porquê?
- Porquê? Qual é a razão de um homem querer loucamente uma mulher que o despreza?
O silêncio pairou no quarto. Jamie franziu a testa e desviou o olhar. Tolos pegou no seu queixo e fê-la olhar para si.
- Estou à espera que me respondas.
- Não sei... não sei a resposta... Não quero saber a resposta!
- Não queres? - E passou com o polegar pelos lábios de Jamie. Esta desviou a cara. - O que sinto dentro de mim é bem explicável. Cresce dia para dia, um desejo intenso e incontrolável de te possuir, mulher! Vivo a sentir uma estranha atracção por ti. Desconheço como apareceste em Semy, o que ainda aumenta o teu fascínio. És diferente... muito diferente... em tudo... Ahhh esse teu olhar poderoso, tão característico, deixa-me louco! Começo a entendê-lo. Está a deixar de ser enigmático. Sei o que sentes neste momento.
- Não sabes nada de mim.
- Não? E se eu disser que por essa cabeça passam conflitos e dúvidas que tentas tão bem controlar mas que os teus olhos não conseguem esconder? -Jamie baixou o olhar e Dan sorriu. - Possuo a capacidade de conhecer bem uma pessoa em pouco tempo. Consigo descobrir as suas fraquezas e... usá-las a meu favor. E sem conseguir explicar, estamos irremediavelmente ligados por algo superior... - E começou a cheirá-la. Jamie, cada vez mais receosa, desviava-se. - És um pequeno e delicioso jogo...
- Não sou o teu jogo. - interrompeu Jamie tristemente.
- És. - Dan ficou a olhá-la numa longa pausa que atormentou a jovem mulher. - És o meu jogo de amor, de loucura... de vida. Tu representas um paraíso onde nunca estive. - Pegou numa ponta do cabelo, acariciou-o nos lábios e prosseguiu: - Eu disse que entrarias neste castelo e que serias a minha mulher. Uma já se concretizou, a outra, a mais importante, terá lugar hoje à tarde. Finalmente serás minha!.. Minha! - E puxando-lhe o cabelo murmurou ao ouvido: - Vou sentir o teu cheiro delicioso, o teu corpo... no meu... Serás minha, Jamie... Serás o meu mais precioso tesouro. A mulher ideal para governar Nastro comigo. Juntos, seremos invencíveis! - E largando-a reparou numa lágrima que caiu. Limpou-a do rosto de Jamie com a ponta do dedo e muito pensativo acrescentou: - Pensa no que te poderei dar. Tudo que queiras estará sem demora nos teus braços...
- Eu nunca serei a tua mulher. Tenho a certeza de que virão buscar-me.
- Sim... é possível. Estou à espera disso. Tenho a guarda em alerta e pronta. Mas antes, muito antes, serás minha... nem que seja só por uma vez. - declarou Dan retirando um punhal da bota.
Mostrou-lhe a lâmina fina e reluzente. Jamie aflita, engoliu em seco. Em dois golpes, cortou-lhe as cordas dos punhos e pernas.
- Eu farei tudo para te impedir. - afirmou Jamie quando escapou para o meio do quarto. - És um monstro! És...
Beijando-a com sofreguidão, Dan prendeu-lhe um dos braços e começou a torcê-lo de modo que Jamie parou de fugir e baixou-se para aliviar a dor. Mesmo assim, levou a mão à boca e limpou-a do sabor de Dan. Este torceu ainda mais o braço e puxou-a para si.
- Não sentiste?
- NÃO!! Como é que poderei sentir alguma coisa por um homem que tanto rejeito?
- Humm... rejeitas... Não acredito... Contrarias os impulsos mais eróticos que sentes fluírem do teu íntimo?
- A imaginação é fértil em ti.
- Conheci muitas mulheres... estudei-as.
- Não tenhas tantas certezas comigo.
- Nenhuma mulher é diferente perante o amor. Ele é igual por todo o lado...
- Mas qual amor? Eu amo o Dave.
Dan levantou os sobrolhos e no meio de gargalhadas disse:
- Noiva de Dave... Eu sei disso muito bem... cunhada! Desta vez Dave não vai ganhar. Já basta ter tudo que era meu por direito!! És a mulher que adoro vou ter-te só para mim... - Agarrando-a ainda mais pelos braços, levou-a para a cama. Jamie tentava livrar-se mas a força daquele homem era demais para ela. Mas a oportunidade surgiu e Jamie deu-lhe uma joelhada no ventre. Em agonia, Dan largou-a. Jamie saltou da cama e procurou uma espada. Sem ligar às terríveis dores que sentia, Tolos agarrou-lhe no pulso mesmo na altura que ela tentava defender-se. A espada caiu no chão e Jamie gemeu de dor.
- Eu disse que ias ser minha, cabra!! - A expressão dos seus olhos mudou. Tornaram-se frios e brilhantes e um sorriso estranho nasceu no canto da boca.
Uma lâmina surgiu colada ao pescoço de Dan. Este olhou para Jamie e percebeu que tinha sido surpreendido de novo por aquela mulher.
Com violência, a porta do quarto abriu-se. Surpresos, os dois olharam em sua direcção.
- Deixa-o, Jamie. - ordenou Dave surgindo com Leo e Clive, todos com as espadas apontadas para Dan Tolos. - Agora é entre nós os dois. - E aproximou-se de Tolos com a arma em punho. - Tenho contas para ajustar. Há muito que eu esperava por uma oportunidade destas...
- Ora o meu mano finalmente teve coragem... Então e a jura, maninho?
- Não quero saber!
- Foi ela quem te mudou não foi? Pois a mim também. Anda! Eu não tenho medo de ti. Vamos resolver o assunto de uma vez por todas para eu ficar de vez com a tua noiva, maninho! - Pegou na espada e a sorrir para Jamie avisou: - Minha querida, prepara-te só para mim. Eu voltarei muito antes do que tu pensas.
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