sexta-feira, 3 de junho de 2011

Onda vermelha

Aqui estou.
O teu som acalma o meu pensar,
em cada manhã que eu acordar.
Gigante abraço com que me agracias,
mar rico de cores que me fascinas.
Aqui estou.
Nesta parte de mim que de ti não se desliga,
numa ligação carente e antiga.
Ondulas numa dança que me pinta,
e no teu desenhar, queres que bem me sinta.
Aqui estou.
Perdoa-me por te abandonar quando não te preciso,
porque fico fraco e seduzido pelo mundo indeciso.
Choro desalmadamente no meu interior escondido,
e em jogos de ilusão fico perdidamente ardido.
Aqui estou.
Aberto, aturdido, casto dos prazeres,
és tu que fazes de mim os teus preciosos beberes.
Sou bandido e santo mas no vício em ti agarro,
como devoto que pede o perdão em cada pecado que amarro.
Aqui estou.
Limpo-me nas tuas águas como gotas de gritos,
que a alma não consegue em desejos perfeitos.
Alimento-me dos teus sons ondulantes,
aqueles que me vestem de nus esvoaçantes.
Aqui estou.
O mar levou-me numa onda vermelha,
cor de sangue, cor do desejo que se ajoelha.
Boémio, continuo a seduzir-te, mar imenso,
que me desfazes neste calor intenso.

(texto criado a partir de uma sugestão com a frase 'e o mar me levou numa onda vermelha')

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