domingo, 22 de agosto de 2010

Lentamente

Não preciso explicar-te, Tempo, a tua real função,
num misto de presente embrulhado para o futuro,
num misto de receber vida de mim e dando lentamente,
tão lentamente... uma vida onde me aventuro.

Não preciso explicar-te, Amor, a tua presença,
neste corpo e alma sedenta e medrosa de receber,
neste corpo e alma onde já semeaste novamente,
tão lentamente... que agarro no sentimento e o deixo crescer.

Não preciso explicar-te, Paciência, a tua espera contínua,
que se encaixa tão bem em mim endoidando-me,
que se encaixa tão bem no Tempo que me testa,
tão lentamente... num fio ténue abençoando-me.

Não preciso explicar-te, Esperança, a tua força,
que constrói muros possantes e frágeis,
que constrói remoinhos e magia com que me fortaleço,
tão lentamente... que parecem brisas ágeis.

Não preciso explicar-te, Saudade, os teus suspiros,
neste bater do coração descontrolado e calmo,
neste bater do coração bravio que só tu podes domar,
tão lentamente... com afecto que só tu sabes como me acalmo.

Não preciso explicar-te, Prazer, os teus jogos,
que me levam a sair de mim quando me tocas,
que me levam a perder-me quando me entras,
tão lentamente... que retiras o meu respirar e não me sufocas.

Tão lentamente...


2 comentários:

  1. Belissimo poema. A tua sensibilidade fascina-me. Parabéns pelas palavras e imagens tão belas q partilhas connosco

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  2. Muito obrigada eu pelas tuas palavras :-)

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