Quero
a denúncia da fala,
no
profundo silêncio que apunhala.
Quero
a perdida estrada,
na
curva da madrugada.
Quero
o amargo do saber,
no
doce colo do teu ser.
Quero
a pele fecundada,
na
jangada marcada.
Quero
o entardecer apontado,
no
beijo rudemente agitado.
Quero
a saudade arrefecida,
na
calçada da sala crescida.
Quero
o grito da mágoa desgastada,
no
rio da lágrima açoitada.
Quero
o tempo achado,
na
amarra do fio esticado.
Quero
a coberta do quarto vazio,
no
derramar do quente frio.
Quero
o escaldar do amor ateu,
na
veia brilhante do recanto meu.
Quero
o beijo que o luar esqueceu,
no
gelo da chama que desfaleceu.
Quero
a boca aberta e derretida,
na
lasciva seiva sentida.
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