quinta-feira, 31 de março de 2011

Crónicas da Marciana: a Economia

O que é que uma marciana percebe de economia? Nada. Então porque vou falar dela? Porque me afecta directamente TODOS os dias.
Uma das coisas mais complicadas de gerir quando
cheguei a este planeta foi o facto de ter de lidar diariamente com uma coisa chamada dinheiro. Em Marte não há dinheiro. Vivemos livres de uma medida monetária porque a nossa sociedade está centrada na partilha. A partilha de ajuda ou serviços funciona como o nosso dinheiro. Um pouco confuso para vocês, certo? É natural... São terráqueos. Não conseguem imaginar a vida sem dinheiro.
Acostumar-me ao significado e
ao trabalho que dá ter dinheiro, foi uma verdadeira epopeia. Ainda hoje continuo sem perceber certas coisas tais como a bolsa, empresas que mandam bitaites sobre o que vale o X e o Y, taxa de inflação, lobbies, dinheiro virtual, especulação...
A confusão começou no século XX e não tem parado.

Vender dinheiro e comprar dinheiro... portanto é dinheiro duas vezes... Depois investe-s
e com dinheiro virtual... A certa altura vêm as crises... percebe-se que afinal não havia dinheiro... E eu pergunto-me: Para onde foi o dinheiro que supostamente fazia parte da economia? Que dinheiro real foi usado? Mas afinal que dinheiro verdadeiro existe no mundo? Estamos nós a usar dinheiro que não existe? Porquê? A ganância é assim tão grande? Só se mexe com dinheiro que não existe mas existe para encher os bolsos de meia dúzia de instituições? E a famosa divida soberana? Não consigo entender como se coloca à venda uma dívida e depois vêm outros comprar e fica tudo bem e feliz da vida.
Sou eu que sou lerda ou isto não faz sentido?
Fará actualmente alguma coisa sentido na economia?
Porque tem de haver inflação? Para que serve realmente?
Porque é que a bolsa é que decide isto e aquilo? Um conjunto de malta que compra e vende dinheiro? Mas afinal para que serve a bolsa? Para encher os bolsos de alguns... Outra vez os tais 'alguns'... Ahhh pois já me esquecia... é a chamada especulação de mercados. Especulação (a olhar com ar sério para a palavra). Sempre achei piada à palavra especulação. E afinal o que é a especulação?
É o falar de nada que influência tudo.
Ai!! Estou baralhada, confesso que ando muito baralhada. E não consigo desbaralhar!
A economia deveria ser algo claro e transparente, simples e directo porque se baseia na matemática e não há ciência mais exacta do que a matemática. Porém, alguém ligado à economia, ao longo destes anos, inventou umas formulas que na prática nos tiram dinheiro de todas as maneiras possíveis e imaginárias e nós deixamos...
É mesmo uma guerra estranha, virulenta.
Fala-se muito da 3ª guerra mundial mas para mim, esta guerra, é a da economia: é a maior e mais mortífera guerra que apareceu na fase da Terra. É silenciosa, entranha-se, não se estranha e quando damos por ela já levámos vários tiros. As consequências são devastadoras: desemprego, injustiças, corrupção, ilusão, descontrolo, ganância, pobreza, miséria, morte, revolta, doença, devastação...
A economia e sua ganância tornou-se assim, a arma mais mortífera da humanidade.
Estarei eu a ver as coisas mal?
Estarei eu a perder a esperança na Humanidade quando oiço: 'as coisas vão melhorar'?
Estarei eu a ser curiosa demais?
Temos lugar na economia. Afinal a economia somos todos nós. Temos o direito a percebê-la de uma maneira clara e não dúbia.
Por vezes penso que todos deveríamos ter a nossa cara num dólar.
Está lá muito da nossa vida.
Já pensaram nisso?

Meus amores, ailalô!

16 comentários:

  1. Marciaaaana peeeeensa:-)
    Vivemos num mundo de pura ilusão ..... onde, vampiros ilusionistas nos comem tudo.

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  2. Ahhh.... já percebi que afinal aquilo que reparei é verdade ;-) eheheh

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  3. Muito bom o texto! Gostei muito Isa :))
    (Qd fores a Marte de férias leva-me ctg, ok???)

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  4. Bora!! :-) Ahh já me esquecia... mas depois ficas com amnésia no regresso. Só acontece aos terráqueos.. Não percebemos ainda o porquê ;)
    'Brigada pelas tuas palavras.

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  5. Marciana, LEVA-ME CONTIGO !- Porque percebendo isto que dizes não perceber, ainda assim quero mudar de Planeta. Este está completamente tomado por uma praga chamada "financeirite" que, depois de ter devorado a Economia, já está a comer os próprios terráqueos.
    Mas antes de partirmos deixa-me falar-te daquele "bicho mau" que há muitos anos aparecia num filme duns 'escaravelhos' guedelhudos, (lembras-te ?)chamado Submarino Amarelo, e que comia tudo o que lhe aparecia pela frente e comia, comia e comia até que, não havendo mais nada para comer, se comia a si próprio. O "bicho mau" chama-se "Capital Financeiro" e vive entocado num mar lamacento chamado Mercado.
    Antes de partir contigo, dizia eu, acho que devíamos procurar o sacana e dizer-lhe que nós sabemos como ele vai acabar .

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  6. eheheh acho que o submarino está tão bem escondido que ninguém dá por ele ;)
    'brigada pelas tuas palavras Mário.

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  7. Excelente texto e a ilustração é magnífica! :))

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  8. Muito fixe. Realmente a economia é como a parapsicologia da matemática, é tão transcendental que até pensei que vinha de Marte. Afinal parece que não...

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  9. Sou um felizardo, tive o privilégio de apanhar com um cheirinho do texto e da ilustração na véspera da publicação :)

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  10. Dúvidas, Isa. Quem não as tem.
    Bom texto :) Parabéns

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  11. Janine, manaaaaa beijokas :-) O que eu me ri a desenhar a nota!
    J, os marcianos são tão simples que jamais inventariam a economia dos dias de hoje.
    Adulado, ehehehehe é verdade :-) beijokas grandes!
    Molin, vivemos rodeados de dúvidas não é? :-)

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  12. Para Marciana, até que problematizas de forma soberba alguns dos dilemas com os quais a humanidade em geral, e Portugal em particular, se defronta actualmente...
    Parabéns!!!

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  13. Há, efectivamente, demasiados países que admito lhe possam provocar, no mínimo, uma sensação de enjoo.

    Este sentimento que a lusa gente também vem manifestando, há já largos tempos, advém de todo o tipo de loucuras que o desenfreado sistema capitalista, apoiado em democracias débeis, inevitavelmente provoca.

    A gula, a ganância que refere na sua Crónica, reside do lado de poderes ocultos e quase ilimitados, cada vez mais difusos, mas também,devemos reconhecer, do lado dos inconscientes e algo distraídos indígenas, concretamente todos nós, consumidores ávidos e invejosos.

    Autonomia e independência são cada vez mais palavras ocas desde que a " confusão começou no século XX e não tem parado …"

    Depois tudo culmina em leilões, onde tudo se vende ao melhor lance, o gentio parte integrante do pacote. Quem compra aguarda calmamente a melhor ocasião para o ajuste de contas e a camarilha necessitada e submissa assina por baixo quando a água chega ao pescoço.

    Não quero assustá-la mas temo que, por exemplo, alguns offshores devam já ter-se instalado, sub-repticiamente, em Marte. Imagino então a perda do vosso paraíso transformado num qualquer Cayman de bancos fantasmas, lavagens de dinheiro, fraudes, golpes e negociatas de todo o tipo (e a marciana totalmente indefesa!).

    MAS SE A REALIDADE É DESAGRADÁVEL, HÁ SEMPRE O REFÚGIO DA FANTASIA E DO MITO.

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  14. Daniel, 'brigada pelas tuas palavras :-)
    JRoque, cada vez vejo mais pessoas usarem o refúgio da fantasia para conseguirem aguentar a vida actual... ;-)

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  15. Cheguei um bocado mais tarde, mas a tempo de me rever em tanta indagação. É urgente, cada vez mais urgente, reclamar o direito à transparência do mundo económico e a sua justeza... A mim, constrange-me que na Terra não se saiba o que em Marte abunda: igualdade social, sobretudo. Que um gestor ganhe 8000 e que um juíz 3000, férias, apoios, ajudas de custo, etc e... (que nos censos se esqueçam os sem-abrigo porque sim.. recibos verdes porque sim..) que um homem que trabalhou a vida inteira nao tenha dinheiro para medicamentos. O dinheiro é de todos, mas nao é... Porque sim???
    OBRIGADA ISA.

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  16. Andreia, a injustiça doi, não é?
    'brigada pelas tuas palavras :-)

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