Estou pronta e estou escondida,
passo por mim e não me vejo.
Sonho a realidade e corro perdida
à procura do terrível desejo.
Grito o silêncio dos sons aflitos
numa raiva que nasce sem a controlar,
rebento com o sim e cravo os nãos desfeitos
neste corpo exausto de rolar.
Agarro em mim mesma e arrasto-me para a arena
e esgravato na terra o regresso ao esconderijo
na ânsia do conforto da dor que me serena
e que me golpeia este corpo rijo.
Sufoco nas lágrimas que a alma larga
escondida nos meus braços desunidos
que choram também eles na descarga
e na purga dos meus pensamentos feridos.
Só quero estar assim escondida
à procura quieta de passagens,
no buraco frio da mágoa ardida
e enterrar-me em escuras viagens.
Estico a mão deserta e angustiada
nesta perdição de vida terrena,
na harmonia do caos que me torna aliviada
questionada pelo tempo que me amena.
Pequena, sou pequena, estou pequena de espírito,
inundada de dúvidas que me fazem esconder de tudo,
tapar-me do mais belo mérito,
e até de ti, amor meu, que me descobres sortudo.
Salva-me da morte de alma a que estou
agora que te tenho só quero esconder-me
dos dias, dos minutos que o tempo ajustou.
Esqueci de mim, esqueci de amar-me.
Só quero estar escondida para não me encontrar.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Camuflada e desnuda.
ResponderEliminarCada palavra arranca um pedaço desse esconderijo que te "protege".
A rima é um grilhão.
Olarecas :-)
ResponderEliminar