segunda-feira, 28 de março de 2011

Escondida

Estou pronta e estou escondida,
passo por mim e não me vejo.

Sonho a realidade e corro perdida

à procura do terrível desejo.


Grito o silêncio dos sons aflitos

numa raiva que nasce sem
a controlar,
rebento com o sim e cravo os nãos desfeitos

neste corpo exausto de rolar.

Agarro em mim mesma e arrasto-me para a arena

e esgravato na terra o regresso ao esconderijo

na ânsia do conforto da dor que me serena

e que me golpeia este corpo
rijo.

Sufoco nas lágrimas que a al
ma larga
escondida nos meus braços desunidos

que choram também eles na descarga

e na purga dos meus pensamentos feridos.


Só quero estar assim es
condida
à procura quieta de passagens,

no buraco frio da
mágoa ardida
e enterrar-me em escuras viagens.

Estico a mão deserta e angustiada

nesta perdição de vida terrena,

na harmonia do caos
que me torna aliviada
questionada pelo tempo que me amena.


Pequena, sou peq
uena, estou pequena de espírito,
inundada de dú
vidas que me fazem esconder de tudo,
tapar-me do ma
is belo mérito,
e até de ti, amor meu, que me descobres sortudo.


Salva-me da mort
e de alma a que estou
agora que te tenho só quero esconder-me

dos dias, dos minutos que o tempo ajustou.

Esqueci de mim, esqueci de amar-me.


Só quero estar escondida para não me encontrar.



2 comentários:

  1. Camuflada e desnuda.
    Cada palavra arranca um pedaço desse esconderijo que te "protege".
    A rima é um grilhão.

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