segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Agarras-me

Agarras-me...
... no mais incerto dos dias, no mais incerto dos tempos.
Agarras-me...
... no voo pleno sem destino, no voo pleno do teu caminho.
Agarras-me...
... na mudança do teu ser, na mudança do teu viver.
Agarras-me...
... no rodopio do puxar, no rodopio da nossa repentina dança.
Agarras-me...
... presa nos teus lençóis, presa na tua sedução chamada pele.
Agarras-me...
... no choro da espera, no choro do que perdemos.
Agarras-me...
... na vida que me rodeia, na vida que te pertence.
Agarras-me...
... pelo rosto que unes, pelo rosto que anseia o beijo sem fim.
Agarras-me...
... na voz de mim, na voz do nosso grito.
Agarras-me...
... e perco-me consciente, e perco-me de novo onde o desejo reza.
Agarras-me...
... da terra que me suga, da terra que me suja.
Agarras-me...
... e acalmas o selvagem, e acalmas o que ninguém conseguiu acalmar.
Agarras-me...
... a verdade paciente, a verdade da paixão que nos liga.
Agarras-me...
... no respeito da mão dada, no respeito de só te amar a ti.
Agarras-me...
... na pergunta incorrecta, na pergunta que não gostas de ouvir mas que te faço.
Agarras-me...
... deitada em ti, deitada no que resta da minha razão mais louca.
Agarras-me...
... na batalha secreta, na batalha de poeiras negras que nos atiram.
Agarras-me...
... na minha única vontade, na minha única vontade de fazer o que não consigo fazer.
Agarras-me...
... de longe, de longe no fio invisível que nos amarra.
Agarras-me...
... desfeita em chamas, desfeita em chamas de gelo.
Agarras-me...
... rendida e consciente, rendida e consciente da raiz que semeaste e que agora cresce em mim.
Agarras-me...
... onde o rio me arrasta, onde o rio me arrasta levando-me para o oceano da solidão.
Agarras-me...
... para a devida felicidade, para a devida felicidade que um dia me roubaste.

Agarras-me...
... simplesmente agarras-me como nunca me agarraste.

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