quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ser poeta

Ser poeta é ter alma e não ser alma de ninguém,
é ser alguém e outro mais numa só pessoa,
é ser louco e navegar no juízo da perfeita loucura,
é sentir dor quando se banha na ventura de alguém.

Ser poeta é harmonia da desbrava de choros frágeis,
é morrer na esfera perfeita e renascer em cada canto seu,
é amar desamor e voltar a amar o nunca amar,
é ser besta e rasgar as regas nunca ágeis.

Ser poeta é acorrentar e correr livre nas asas da palavra,
é amar as letras nas veias de amor e perdição,
é esperar demente pelo fim do dia para beijar a noite,
é ser contorno nos rabiscos indefinidos da vida que se lavra.

Ser poeta é ignorância do saber que se quer esconder,
é a ausência da riqueza numa pobreza do triunfo,
é corte, é ferida, é sangue, é cura, é elevar
é o grito acorrentado do nosso entender.

Ser poeta é despir a alma e fundir os desejos,
é sentir a saudade e pintá-la do branco de tudo e preto do nada,
é ser rubro e explosão, é ser tornado e ser vulcão,
é pedir ao vento as palavras e murmurar recantos de beijos.

Ser poeta é ser pedaços partidos num rio sólido de fusão,
é criar finito nos ramos curvos do caminho anverso,
é dormir no chão das lágrimas que perdes só,
é ser instante e ser eternidade na mão da ilusão.

Ser poeta é gritar por amor numa surdez incógnita,
é ser bravo e respirar a calma da rebeldia,
é ser deus, deusa e mergulhar no sentimento mortal,
é viver estranho no desejar da derrota infinita.

7 comentários:

  1. Ah Poetisa de Marte, que arrebatamento inspirado!

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  2. 'brigada pelas vossas palavras e leitura :-)

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  3. só há uma palavra no meu vocabulário: Bravo!
    Foi como se ouvisse uma música suave!
    Que bonito, Isa!

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  4. Nada acontece por acaso.
    Não me surpreendeste, porque será?
    Parabéns!!!!

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  5. hum... se eu não surpreendi, entao ainda tenho de melhorar ;-) eheheh

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