segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Estou ferida

Levanto o olhar e vejo o sol a pôr-se no horizonte.
O azul, os laranjas e o restante quente do adeus tocam-me o rosto.
Sinto o vento nos cabelos e sussurra-me ao ouvido: Anda...
Olho para mim e, despida, estou limpa.
Olho para a estrada e tenho medo para onde ela me leva novamente.
Tenho medo e tenho razões para o ter.
Traço um destino e este fere-me.
Estou ferida.
Não se vêem as minhas feridas.
Escondo-as.
Começo a andar.
Deixo no chão as marcas dos meus pés sangrantes.
Não consigo parar a ferida que sinto dentro do peito.
Quase não sinto o meu coração.
Já não o quero sentir.
De que vale sentir se mo ferem outra e outra vez?
Caminho e marco o chão com as pegadas do vermelho sangue.
Estou a limpar-me.
Estou a curar-me.
Já chega.
Já foi demais.

(resposta a um desafio com o tema 'sangrando')

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