terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um dia vou ser

Um dia vou ser o vento que te eleva a coragem
em brisas repetidas e estáveis de um vale escondido
sem levares o pensamento medroso e escuro
a algo mais do que não seja o ser arrependido.

Um dia vou ser a raiz que nunca te fará tombar
nem mesmo os ramos gritantes num misto de tempestade
e castigo infame que me fustiga a carne ávida do teu agitar
num frio cortante que me leva a vontade.

Um dia vou ser marcada na pele pela tua essência
e vou morrer por te cheirar e nas nuvens vou parar
perdida por te querer de novo e novamente bem querer
e nada vou conseguir declarar neste meu de ti sarar.

Um dia vou ser um tornado e levar-te para o centro de mim
puxar-te pacientemente para quebrar as barreiras
que o tempo insiste em oferecer, cego e surdo
como que tapando-me de máscaras aventureiras.

Um dia vou regar a seca que sinto por não te ter
segredo que escondo de todos como um luzir do tesouro
e tapo-te na minha pele e peço que não partas
para te tecer num subtil e voluptuoso desejo duradouro.

Um dia vou ser capaz de chorar as tuas lágrimas
nas pingas e gotas que me revelam escondidas o teu pesar
numa suplica aos deuses por saberes certeiros e perfeitos
no dia que simplesmente conseguir amar sem parar.

Um dia vou ser simplesmente o que estou destinada a ser
sem mágoas, sem caminhos, sem a cruz plena
de quem um dia se perdeu e teimosamente encontrou
o descanso exausto e vigoroso de uma alma já serena.

3 comentários:

  1. esse dia é hoje.
    hoje és a bruxinha bela que me sossega estes neurónios atormentados.
    lendo-te a serenidade acontece.
    amanhã vai ser melhor.
    nada acontece por acaso.

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  2. Ahh já tinha saudades do "nada acontece por acaso" :-)

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