segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Resgate

Acho-me comandante de mim mesma e aventuro-me no rio deixando-me ir para onde ele me leva.
Embato nas margens e não me agarro.
Enfrento as pedras e não me assusto.
Mergulho na corrente mais forte e não me afogo.
Olho para o céu e tento tocar nas nuvens e, de repente, sinto uma mão que me resgata sofregamente das águas e me puxa para um corpo sedento de mim, para uma alma que sempre soube que me encontraria.
Sem demora, finalmente, olho-te olhos nos olhos.
Sem demora, finalmente, abraças-me com força.
Sem demora, finalmente, toco-te no rosto.
Sem demora, finalmente, encostamos as testas molhadas.
Sem demora, finalmente, sentimos o cheiro um do outro.
Sem demora, finalmente, acontece.
E o beijo que ambos sonhámos vezes sem fim nas memórias da nossa alma,
no desejo da nossa vontade,
nas palavras do que escrevemos...
acontece.
E uma correria de emoções, palavras, sensações, calores, arrepios e suspiros passam por nós fazendo-nos sorrir.
Mas os lábios colam-se de novo e nem o rodopiar do vento os larga.
Estão selados,
amados,
saciados,
unidos,
acariciados,
serenos
como nunca o souberam ser.

Finalmente.

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