quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os beijos

Da vontade nasceu os traços desenhados
que o caminho ordenou, passo a passo,
para que os nossos lábios, renitentes, lentos,
cansados da distância se unissem tão escassos.

Esmera-te, amor meu, e percorre suavemente
a minha boca seduzindo-me
numa arte de carícias incandescentes
que nem eu sei imaginar e só assim perdoo-me.

Não sei parar de te lembrar.
Não estou cansada nem vou ficar cansada
do teu silêncio porque desta vez ele aconchega-me de ti,
enche-me de beijos e deixa-me, ali, repousada.

Amigo, amante, prudente, incontrolável, figura de homem,
leva-me a viajar nos teus secretos desejos.
Como grãos de areia, sacudo-me dos beijos
neste deserto onde escolhi encontrar-te em dunas de festejos.

Rebenta com as muralhas dos meus lábios
e entra conquistador no seu interior.
Crava tua espada fina e deixa-me rendida
sem resposta perante tal senhor superior.

Tento, luto, revolto, questiono, caminho,
contra este crescente tormento vil
que me despe e enriquece num infinito
sofro de beijos a que me prendo servil.

Pegas-me a medo, com medo de me partires,
e eu, parto-me porque não consigo unir-me depressa
quando os beijos que arrancas só deixam
rios e ventos de saudades que a pele me confessa.

2 comentários:

  1. Que tais beijos causem confusão, vertigem no ar, no coração...
    Que não se saiba onde começa essa festa que parece impossível terminar.

    Meu carinho.

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