terça-feira, 3 de agosto de 2010

Rasgo-me

Lamento mas não aguentei mais.
O coração cimentado por mim rebentou como uma nascente
que se vinga de um dormir forçado.
Ele pulsa de novo, livre.
Mas eu,
presa a esta pele,
agarrada a esta parede, a esta casa que me prende,
prego a prego,
numa solidão devasta e egoísta que só me quer para ela,
grito,
esperneio,
arranco,
e finalmente arranjo forças para me rasgar.
A dor é libertadora.
Vou ao teu encontro, amor.
Largo centímetro a centímetro a pele de um refugo é deixada para trás.
Não quero ser os restos, as últimas escolhas.
Perdoa-me amor, mas estou louca por te viver.
Posso pingar sangue mas sei que serei curada
só por te ver,
só por te ter.
Conseguirei eu,
assim,
chegar a ti?

2 comentários:

  1. Sempre tão fortes as tuas palavras, atingem a alma e por momentos sentimos todo o turbilhão que está ali... nas tuas palavras... Parabéns amiga... como sempre suspirei...

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  2. Rasguei-me mesmo amiga :-) Está aqui o meu estado de alma actual...

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