quarta-feira, 16 de junho de 2010

Gravity

(sugiro ouvir a música enquanto se lê o texto ;-)


No silêncio do espaço uma figura esguia flutua, suavemente na sua calma.
O escuro deixa mostrar os contornos de um corpo nu quando passa perto de uma estrela.
De repente, abro os olhos como que recebendo um comando para despertar.
Estico, devagar e num bailado, os braços e os dedos como se quisesse tocar a estrela que me saúda.
Rodo ligeiramente o corpo, encolho uma perna, levanto o olhar e vejo aquele planeta.
Fecho os olhos e prossigo o meu caminho sabendo muito bem para onde ir.
Flutuo... como que ao som de uma música que ambos conhecemos.
Contorno o rochedo acastanhado e a sua luz revela, sem qualquer pudor, os meus seios chamando por ti.
Empurro suavemente o planeta e vejo-te flutuando ao meu encontro.
Esticas a mão e desenhas nos músculos do braço a força para me chocares contra ti.
A luz aquece a pele despida no toque dos dois corpos que a chama desperta.
Flutuando de braços, pernas e lábios entrelaçados, os corpos continuam a viagem no espaço rodando muito... muito... devagar banhando-se no silêncio de uma música que não conseguimos parar de ouvir.
A guitarra implora para explorarmos os nossos próprios cosmos desnudados.
Estico-me para trás e o meu rosto encanta-se num sorriso que tu tratas de aumentar com os teus beijos e carícias.
Agarro-me em delírio aos anéis de Saturno e deixo que me conquistes com o egoísmo do teu desejo contido no tormento das saudades.
Mas é a gravidade de outro planeta que nos puxa...
Navegamos sem pressas e nem nos importamos com a gravidade que nos puxa para a Terra.
Rodamos, quase parados, numa dança de toques e movimentos que origina gotas de prazer que se perdem no espaço silencioso.
Para nós, a guitarra continua a comandar-nos.
Em êxtase entramos na atmosfera numa combustão de chamas que não nos faz parar, mas sim empurrar para o limite, os corpos no jogo da lascívia que há tanto ansiávamos.
E assim, em gritos surdos que só nós dois sabemos largar, caímos no céu.
Rodamos, apertamo-nos ainda mais e esperamos o impacto.
Delicadamente.... muito, muito delicadamente... pousamos na cama.
Arqueio as costas para lançar um último suspiro e tu rouba-lo num beijo que nos funde novamente.
A música termina e nós acordamos olhando um para o outro.
Foi um sonho ou foi a nossa realidade?

(Este texto foi inspirado com esta canção)

Gravity de John Mayer

1 comentário:

  1. Quer tenha sido um sonho ou realidade... aposto que deve ter sido muito bom :)

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