quarta-feira, 2 de junho de 2010

Apetece-me, realmente, apetece-me

Apetece-me rasgar a vida ao meio e atirar uma parte para o fundo do poço.
Apetece-me dizer que não sou apenas um corpo para desejar mas uma alma para amar.
Apetece-me cimentar o meu coração para que pare de se dar ao desperdício.
Apetece-me parar de saber o porquê de certas coisas que não consigo compreender e que o tempo insiste em não me mostrar.
Apetece-me desaparecer e só aparecer quando me encontrar novamente porque estou perdida e sem rumo.
Apetece-me matar definitivamente a solidão imposta e deixar apenas a solidão necessária.
Apetece-me ser quem não pensa para assim libertar a mente do que me perturba.
Apetece-me selar os olhos porque só assim paro de largar lágrimas.
Apetece-me levar-te para o sol para que te queimes pelo que me fazes esperar.
Apetece-me perguntar-te tudo de novo mesmo já conhecendo a tua resposta mas esperando que desta vez ela seja diferente.
Apetece-me arrancar a cortina para que possas ver os contornos do meu corpo que te quer amar.
Apetece-me escavar para procurar o coração que escondeste.
Apetece-me ter-te agora e não quando o tempo quiser.
Apetece-me ignorar-te para que me vejas finalmente.
Apetece-me colar-te na parede e deixar-te lá até te cansares de me provocar sem nada dizeres.
Apetece-me ir para além do tempo para viver contigo uma outra vida.
Apetece-me escancarar a porta que insistes em deixar entreaberta e escura para que deixe entrar a luz para te cegar de mim.
Apetece-me, sim, apetece-me...

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