Encostada à cadeira e com a mão batendo na ponta do nariz olhei pensativa para aquelas peças.
Estico a outra mão e mexo nas peças para saber ao certo o que fazer com elas.
Levanto o sobrolho e aproximo-me da mesa.
Tenho um puzzle para fazer e nem sei por onde começar.
Pego, então, na parte que gosto mais.
Coloco o olho, fechado ainda, no local certo.
Procurando a simetria, coloco o segundo do outro lado.
Estico-me para ir buscar mais uma peça e encaixo-a de modo a terminar o rosto.
Com um leve sorriso nos lábios, passo suavemente com a ponta dos dedos sobre o bocado do puzzle já feito descobrindo aquele rosto.
Sento-me na ponta da cadeira e abro um botão do meu vestido.
"Porque sinto este calor?", penso.
Pego noutra peça e crio um ombro, depois o outro e depois... apresso-me a criar o tronco.
Paro uma vez mais e não consigo deixar de sentir aquele calor perturbador.
Afasto as pernas e vinco os dedos dos pés no chão como que procurando controlar-me e prossigo a colocação das outras peças, devagar... muito devagar.
Levanto-me e, sem conseguir esperar, coloco as peças das pernas e pés.
Afasto-me e contorno-o.
Aquele puzzle está completo e diante mim.
Admiro-o desapertando outro botão do meu vestido.
Solto um leve suspiro de satisfação pelo trabalho feito e levo as minhas mãos a tocá-lo novamente.
"Peça a peça, completei-te", sussurro.
E então, abres um olho...
sexta-feira, 21 de maio de 2010
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