Levanto devagar a cabeça em direcção à luz fraca da noite.
Está pesada de uma sensação que me ata o corpo.
Quero mexer-me e só te sinto.
Estou presa na tua teia de saudades à espera que me venhas buscar.
Assim, dás-me madrugadas geladas.
Travo o choro que o meu coração derrama por não te conseguir neste momento.
Deixo pender a cabeça de novo, derrotada.
Provoquei-te, bem sei.
E tu desejas-me mas não admites nem a ti próprio.
Queres um amanhecer para terminar a tua história, para te exibires?
Então aqui me tens...
Estou de joelhos.
Queres que te implore?
Não o vou fazer.
Disseste-me, um dia, que eu é que era especial. Estarás tu grato por me encontrares?
Estás? Ou é tudo um jogo macabro para encher a tua índole egoísta?
Enches-me de saudades para depois não as vires buscar para ti.
Quero que tenhas tantas ou mais como as que tenho, aqui, bem no centro do ser, bem no centro do meu coração onde guardo o mais precioso.
Tu és precioso.
Ainda não percebeste?
Será que ainda não percebeste?
Porque me torturas assim, olhando daí, da tua distância?
Não me afogues em saudades.
Afoga-me em beijos.
Não me atires com saudades.
Atira-me com desejo.
Mas vem satisfazê-lo de uma vez por todas.
Vem perder-te sem te arruinares.
Como te posso consertar se não me deixas?
Sei que estás em pedaços mas queres parecer um muro.
Sei que estás desordenado, débil e a perceber que nunca sentiste o que estás a sentir.
Tens incerteza não sei que quê porque te dou todas as certezas.
Estás irritado e tolo porque sabes que se eu te beijar desfazes-te com um castelo de areia.
Vem matar estas saudades e renova-me de modo que te consiga dizer a nossa palavra, aquela que nunca disse.
Levanto de novo a cabeça devagar.
Deixo-me cair para o chão porque não me queres agarrar.
Estou, aqui, completamente rendida sob as balas da saudade que envias maliciosamente cada vez que me negas.
Que queres que te digas mais?
Que queres que te faça mais?
Em que queres que me transforme?
Não.
Não me transformarei em algo que não sou só para te agradar.
Estarias a pedir que te enganasse e eu não te engano.
Não me exijas mais nada!
Não tens esse direito!
Só podes exigir se me deres e nunca se me tirares.
(Resposta ao desafio com o tema 'Saudades')
terça-feira, 11 de maio de 2010
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Muito bem escrito e super-intenso.
ResponderEliminarMeus parabéns pelo texto Isa!
ResponderEliminarAdorei passar por aqui, falar no termo saudade nos trás recordações de momentos que vivemos e marcaram as nossas vidas não é mesmo?
Destaco esta parte do seu texto:
"Não me afogues em saudades.
Afoga-me em beijos.
Não me atires com saudades.
Atira-me com desejo."
Tenha uma ótima semana!
Abraços
Fabio Luis
'brigada compatriota ;-)
ResponderEliminarFábio, sejas bem-vindo ao meu cantinho .-) As saudades são tramadas né?
Sonhar é ter saudade do que ainda está para vir!!!
ResponderEliminar"O que não vem não faz falta" :-)(sabedoria!)
"Sonhar é ter saudade do que ainda está para vir!!!"... hum gostei da frase! :-) muito mesmo!!
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