sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tatuagem

Levantei o olhar e por entre a penumbra olhei-me ao espelho.
Uma toalha era o que me tapava.
Deixei descai-la e um dos ombros ficou descoberto.
E lembrei-me dela.
O meu peito subiu e desceu como uma onda que chega à costa porque tem saudades dela.
Coloquei-me melhor no fio de luz que começou a desenhar-me as curvas e então decidi baixar um pouco mais a toalha.
Olhei-me de novo e não contive uma inveja da pele arrepiada.
São redondas, rígidas e estão chamativas por ela.
Mas não.
Não é ali.
Abri as mãos e libertei a toalha por completo até cair no chão.
Com a ponta do pé levantei-a e admirei o desenho da perna e pensei:
"Boa para ela?".
Não.
Não é ali.
Deslizei a mão sobre o meu ventre e deixei-a descair um pouco mais sentindo um calor familiar.
Não, não era ali que desejava colocá-la.
Sorrindo virei-me. E o fio de luz redesenhou-me de novo.
Gentilmente passei com a mão pelas costas até ao seu final onde encontram uma das tuas perdições de formas, toque e calor.
Afaguei aquele local só para ela.
Não.
Não penso só na tua boca.
Penso na tatuagem que te vai enlouquecer.

2 comentários:

  1. O visível é um íman. O invisível, um verdadeiro grilhão.
    A limpidez das tuas palavras espelham a simplicidade da alma.
    Como sempre ... Linda!

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