segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A importância do toque

Aquele passar dos teus dedos por mim não me sai da cabeça.
Que importante é que não me deixa repousar sem perder instantes a te lembrar.
Recordo-me...

Imóvel, nu, em pé, perante mim, de braços pendidos e olhas... olhas despindo-me completamente de corpo e alma.
Eu, do outro lado do quarto, admiro-te presa no teu olhar. Sem conseguir libertar-me, respiro devagar mas sinto o coração acelerado ansiando por ti.
Desprovida de tudo, nua, sou uma estátua à espera que me esculpes e dês arte.
Semicerras os olhos e caminhas devagar parando a meio e fazendo-me torturar pela ausência do teu toque.
Chegas a mim mas não me tocas.
Respiras perto dos meus lábios, passas para as minhas costas e sussurras bem junto ao ouvido: Não te mexas.
A minha respiração acelera e fico à espera.
Aguardo.
Mas tu nada fazes.
Espreitas.
Vejo-te o rosto nos arredores do meu ombro.
Levantas a mão e no que parecia ser o inicio do toque paras no ar e deixas a mão aberta como que a tentar-me loucamente.
Aguardo.
Aguardo tremendo.
Aguardo em vão sempre a olhar-te nos olhos.
Fechando-os, baixas a mão.
A pensar que desistes... suspiro.
Sinto então o teu toque suave, de raspão, pelas minhas costas abaixo até chegares ao monte onde elas terminam.
Arrepio-me esticando o peito.
Tu... sorris vitorioso e afastas-te.
E deixas-me ali em agonia pela importância do teu toque.


(resposta a um desafio pedido usando a frase 'A importância do toque')

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