domingo, 7 de fevereiro de 2010

Conversei com o Mar

Hoje não aguentei mais e tive de te ir ver, Mar.
Caminhei, caminhei e finalmente senti a areia afagar-me os pés.
Estava junto de ti... meu Mar.
Comecei a correr para chegar mais depressa junto a ti!
Parei e senti o teu canto.
Respirei fundo e larguei uma lágrima de satisfação por estar a ver-te e a ouvir-te tão bem.
Preciso contar-te umas coisas, pedir-te uns conselhos.
Podes ajudar-me?
Podes ajudar esta mulher que se despe de tudo perante ti procurando ajuda?
Como dizer a alguém que não sai da minha cabeça como as estrelas não saem do céu?
Como dizer a alguém que anseio por um beijo porque jamais deixarei de sentir o seu calor?
Como dizer a alguém que desejo os seus abraços que me enchem do impulso de uma onda e da suavidade de uma pena? Diz-me Mar, como dizer a alguém que quero que sinta o meu amor mesmo que nunca o tenha conhecido?
Como dizer a alguém que tenho fome da sua pele junto à minha como tenho do quente no inverno?
Como dizer a alguém que sempre que me sorri eu deixo de sentir o coração porque já não é meu?
Como dizer a alguém que não tenho lugar para guardar as saudades quando não o vejo?
Como dizer a alguém que se pegar na minha mão nem a escuridão me tira a luz?
Como dizer a alguém que é o meu cosmos e não um mero planeta?
Como dizer a alguém que sou uma melhor pessoa com a sua presença na minha vida?
Como dizer a alguém que nada mais tenho para lhe dar a não ser este sopro que é a minha vida?
Diz-me Mar, como vou ser capaz de lhe contar tudo isto se tenho tanto medo de lhe dizer?
Não tenho coragem de lhe revelar.
Tonta?
Talvez o seja, Mar.
Ajuda-me.
Ajuda-me a contar-lhe tudo isto que te contei.
Mar?
Mar?...
Porque estás tão calado?
As ondas dizem-me para olhar para trás. O que tens para me mostrar?
Tremo assim que te vejo ali junto a mim.
Coro de vergonha porque sei que ouviste tudo o que disse.
Expus-me demais, fiquei indefesa perante ti.
Quero desaparecer por tão envergonhada que estou.
Cubro a cara com as mãos e começo a correr.
Mas tu seguras-me pela mão e puxas-me contra ti.
Abraças-me como se nunca mais me quisesses deslargar.
E eu quase que desfaleço ao te sentir.
Abres a minha mão e na sua palma depositas uma concha.
De repente, fica tudo escuro.
Abro os olhos e percebo que estou deitada na minha cama, sozinha.
Suspiro.
Afinal tudo não passou de um sonho.
Viro-me para olhar para a janela e então reparo que na minha mão estava a tua concha.

8 comentários:

  1. Este post é tão familiar... à uns anos atrás
    também eu conversei com o mar...
    só não sei se foi também um sonho ...
    bjs doces pa ti marciana ;-) !!!
    Pescador

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  2. às vezes, é a sonhar que se constrói o mundo

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  3. Olá Pescador :-) Eu gostava tanto que desta vez não fosse um sonho. Beijokas doces :-)

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  4. Ah Julião, se não sonharmos o que nos ajuda a viver?

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  5. viver como quem sonha, sentir como quem respira, ousar como quem dorme. acordar, enfim, como quem beija. :)

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  6. ui, belas palavras Julião. Subscrevo na integra :-)

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  7. Escrever é fácil, pôr a alma na escrita é que é difícil...
    És das pessoas que, na minha opinião, o faz lindamente.

    Bj

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  8. Olá Diana. Agradecida pelas tuas palavras :-)

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