quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cortina

A luz do sol entrava tímido pela janela e desenhou no chão a sua presença.
Escrevo sobre a mesa mas o raio de luz incide sobre a minha perna semi-estendida para o lado.
Tu, olhaste para a luz que me acariciava daquela maneira e levantaste o olhar do livro que lias.
Semicerraste os olhos e subindo o olhar até à minha anca, imaginaste como seria tocar ali.
Pousas o livro devagar e aproximas-te de mim, colocando-te de joelhos e chamando, desse modo, a minha atenção.
Quis falar mas colocaste o dedo nos meus lábios pedindo-me silêncio.
A outra mão começou a percorrer o caminho do raio de sol desde o pé até ao cimo da perna.
O toque quente e sensual da tua mão faz-me sorrir e adivinhar o que desejas.
Aquele raio fez nascer em mim uma tentação do teu desejo.
Sem me dares tempo de reacção, puxas-me para o chão e começas a banhar-me com os teus próprios raios junto daquela cortina semi-aberta.
Respirando profundamente, estico o braço até à abertura e, tu, dominando-me, agarras-me na mão e levas-me para a escuridão.
Sentas-me em ti e fechas-me as pálpebras beijando-me o pescoço aberto com o meu inclinar de cabeça.
O raio ilumina-te e sei que chegaste lá antes de mim.
Deixo-me cair para trás e banhada por aquele raio agarro-me às pontas da cortina e deixo sair o meu sopro interno.
Deitas-te sobre mim e sorris beijando-me calmamente.
Olhas para a sombra e a luz que me decora o rosto e adormeces no meu peito.


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