quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Barba

Olhava para ti junto à janela a veres a chuva a bater nos vidros.
Descaí o olhar para o teu rosto e reparei que não tinhas feito a barba.
Sentiste que te observava e desviaste o olhar encontrando-me.
Levantei o sobrolho e aproximei-me.
Quando ia para te beijar, travaste-me.
Segurando-me nas faces, sorris, e encostas o teu rosto ao meu fazendo-me sorrir também.
Mas apercebo-me que no meio daquelas carícias, desejas remexer ainda mais com os meus sentidos.
A chuva bate com mais força na janela e tu começas a tua descoberta, escavando-me com a tua barba.
Deixo que desças, picando-me sem piedade.
Roças na pele acariciando-me como gosto e sentes bem o que a minha mente transfere para o meu corpo.
Não resisto em abrir a boca e deixar sair um som que me faz fechar os olhos.
Levanto a mão e coloco-a na janela. A marca dela fica nos vidros embaciados.
Vestes-me com a tua barba deixando-me colorida de vontades.
Sobes de novo e despes-me de vergonha.
Pegas-me na mão que marca a janela e num beijo longo depositas a barba na sua palma oferecendo-me a tua luxúria.
Aproximas-te do meu rosto mas não queres tocar nos meus lábios.
Neles... não tocas.
Sabes que são eles que agora te vão percorrer o corpo arrepiando-te tal como me arrepiaste.
Vão ser eles o teu prémio pela tua barba em mim.

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