sábado, 5 de dezembro de 2009

Dedo

Levanto o olhar e reparo que olhas para mim intrigado.
Estendo a mão.
Sentes o calor mas não te toco.
Estico um dedo e começo a percorrer o teu rosto com a ponta da unha.
Sei que estás pensativo porque sinto o teu olhar cravado em mim.
Levanto de novo o olhar e enfrento-te.
Paro o meu dedo nos lábios e lá desenho lentamente como que deixando o rasto de um beijo meu.
Percorro o pescoço e vejo que te arrepias.
Chego ao peito.
Deixo um dedo, e mudo para o outro da outra mão que, ciumento, começa logo a pintar-te de calor e desejo.
Sem nunca tirar os meus olhos do dedo, sigo-o com o olhar devorando-te.
Séria, concentrada, com o coração a bater, desço mais e exploro o resto da tua pele.
O teu estremecer não pára o meu dedo. Pelo contrário. Desafia-o.
E chego ao final da tua perna.
Termino na ponta do dedo do pé com um suspiro.
Acabou o meu caminho.
Terminou a minha tela de pintura.
Mas, agora, transformo-me eu no teu barro de escultura.

2 comentários:

  1. Então, em vez de ser as suas mãos esculpir o teu corpo, éo teu corpo que trabalha a sua mente, incendeia a sua imaginação, alimenta a inspiração e consome o seu desejo. As tuas curvas, aceleram a sua vontade e travam a razão de te ver a derreter por entre os seus dedos.

    jumpsun

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  2. Puxa!! Grande e belo comentário eheheheh .-)

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