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terça-feira, 25 de junho de 2013

Dizem que já não se escrevem poemas de amor

Dizem que já não se escrevem poemas de amor.
Então o que faço às cores do deitar da noite que te aconchegam?
O que faço eu às palavras que te despem?
Onde sacudo o pó dos silêncios que chegam?

O que faço ao refúgio da palavra só nossa?
Como me seguro de ti quando te perdes em mim?
E as infindáveis faltas que temos de nós?
Onde as esmago para que sofram um fim?

O que faço ao perfume da saudade que te banha?
Então o que faço à tranquilidade com que me amas?
E aos contínuos recados dos nossos olhares?
Onde me envolvo nos pedaços com que me chamas?


Como vou viver sem escrever poemas de amor?


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Puro


O Amor não é um tanto faz.
O Amor não é para dar jeito.
O Amor é dar para além do ser capaz.
O Amor é perder-se sem defeito.

Como anda raro o Amor puro,
o que forçosamente nos alucina,
o que esmaga a alma de tão impuro,
o que carinhosamente tanto nos fascina

Sou doente deste Amor assim,
que me veste do medo ardente.
Sou doente deste Amor, sim,
que cresceu deste modo simplesmente.


quinta-feira, 7 de março de 2013

Quero


Quero que fiques,
que não te arrependas,
que simplesmente arrisques
mas que nunca me prendas.

Quero que andes,
que não faças rodeios,
que simplesmente comandes
mas que nunca olhes a meios.

Quero que avances,
que não queiras recuar,
que simplesmente me ames
mas que nunca deixes de me regar.

Quero que sigas,
que não abandones a essência,
que simplesmente me digas
mas que nunca aceites a minha ausência.

Quero que percorras,
que não aceites a ausência,
que simplesmente me bebas
mas que nunca esqueças a essência.

Quero que ultrapasses,
que não permitas paragens,
que simplesmente me marques
mas que nunca largues as minhas margens.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A reinvenção do amor


A reinvenção do amor é iminente
para aqueles que dele padecem,
julgado nos olhos daquele que não mente,
suavizado pelas noites que jamais anoitecem.

A reinvenção do amor é urgente
para não deixar morrer o que germinou,
na captura da vida que realmente se sente,
na luta pelo que nunca terminou.

A reinvenção do amor é choro
dos que não sabem o que sentir,
do canto surdo do cego coro,
dos pobres da abundância de mentir.

A reinvenção do amor é fome,
da procura do sempre novo regar,
da mistura quente que nos consome
da sofrida importância do escutar.

A reinvenção do amor é decisão
para os que dele carecem de respirar,
é caminho singelo sem razão,
na difícil grandeza do amar.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Combate


Perante a falta do que me estabiliza
sinto-me cada vez mais acorrentada a incertezas
que me envenenam o sangre que agoniza
quebrando por terra todas as minhas fortalezas.

Tempos inglórios estes que nos massacram
deixando a alma simplesmente dorida,
num turbilhão de ventos que nos devoram
para nos deixarem cruelmente a vida sofrida.

Estou perdidamente seca de mim,
seca da esperança que me vestiu um dia.
Resta-me encontrar um fim
para não cair na falsa covardia.

Preciso abrir a janela da prisão
a que a minha mente me obrigou.
Tenho como consolo uma vil solidão
que o teu fascinante amor ainda não desligou.

Estou no meio de um combate desigual
daqueles que de horrores fedem
sem nunca haver memória igual
de tais coisas que me pedem.

Adormecida num monte de espera
carrego um fardo pesado demais.
Largo lágrimas que nem a confiança supera
para depois cair em dúvidas abismais.

Sonho queimar a chuva de injustiça,
combater a ainda... a ainda... medonha espera,
olhando para o teu olhar que me atiça,
que a minha alma arruinada recupera.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Meada


Pode uma meada cortar o medo
na estrada do frio perdido,
deixando a mágoa do fino dedo
segura no futuro ido?

Pode uma meada abraçar o desconforto
na língua de um sufocado grito,
alimentando a revolta do olhar morto
envolto em mármore escrito?

Pode uma meada prender a alma
na sala vazia da decisão,
criando o fardo da palavra calma
no arrasto do egoísmo da razão?

Pode uma meada acariciar a perda
no fogo da cega rebeldia,
acalmando o repúdio que deserda
a dança da esperança baldia?


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quero a denúncia da fala


Quero a denúncia da fala,
no profundo silêncio que apunhala.

Quero a perdida estrada,
na curva da madrugada.

Quero o amargo do saber,
no doce colo do teu ser.

Quero a pele fecundada,
na jangada marcada.

Quero o entardecer apontado,
no beijo rudemente agitado.

Quero a saudade arrefecida,
na calçada da sala crescida.

Quero o grito da mágoa desgastada,
no rio da lágrima açoitada.

Quero o tempo achado,
na amarra do fio esticado.

Quero a coberta do quarto vazio,
no derramar do quente frio.

Quero o escaldar do amor ateu,
na veia brilhante do recanto meu.

Quero o beijo que o luar esqueceu,
no gelo da chama que desfaleceu.

Quero a boca aberta e derretida,
na lasciva seiva sentida.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Puxa-me

Puxa-me e toca-me na vida séria
aquela em que morro sem ti
neste lamento de dura réstia
no leito que abraças onde te senti.

Silhueta intrigante que me tens tido,
nesta mente inquieta e morta de mim,
num renascer por nós sentido
no teu corpo de cetim.

Agitar de mares contidos na escuridão
de um mundo por outros ditos
nesta espera de escravidão.

Puxa-me e arranca-me da miséria
em que vivo sem ti nos meus sentidos
neste vento sem luz de modéstia.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Orquestra


Nas cordas histórias desenham
como traços loucos ondulantes.
Singulares e perdidos desdenham
na luta feroz dos sons sonantes.

Acertam compassos rigorosos
mas deliram em desvaneios longos,
enérgicos passos audaciosos
nos mais belos instantes prontos.

Toca, fere, cura, oferece
instrumento que chora
num sorriso que padece.

Dança, marca, mascara, ensurdece
instrumento que cora
numa caricia que nos tece.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mudanças


Cansados das linhas rectas que nos regem,
decidimos rodear-nos de linhas diversas,
daquelas que não nos ferem,
daquelas que nos soam adversas.

Derrapamos no lixo da monotonia
e expulsamos o ruido da facilidade.
Afastamos, assim, o rio de agonia
e recebemos a bênção da verdade.

Louvamos a mudança iminente
num céu que chora pela nossa demora,
mas, que aberto e  rendido, beija a madura mente.

Desenhamos as curvas cegamente
nesta mudança que nos namora,
numa dança onde nos sentimos assim perdidamente.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Esta é a pele



Esta é a pele com que te banhas.
Esta é a pele com que te realizas.
Esta é a pele com que te alimentas.

Esta é a pele com que escrevemos.
Esta é a pele com que vivemos.
Esta é a pele com que nos unimos.

Esta é a pele com que te presenteio.
Esta é a pele com que te rodeio.
Esta é a pele com que te anseio.

terça-feira, 5 de junho de 2012

20 anos

A história começou há 20 anos
e tem durado outros tantos.
Naquela altura nós vivemos
e agora, sim, nós sabemos.
Temos um presente repetido
mas desta vez bem sentido.
Nunca julgámos ficar
perdidamente neste amar.
Entrelaçamo-nos cada dia ainda mais
na cumplicidade de quem não quer largar jamais.
Perdidos, satisfeitos, conscientes.
Amados, castrados, pacientes.


terça-feira, 22 de maio de 2012

O que é um momento?


Momento é construir para sempre
Momento é pegares-me na mão como nunca pegaste
Momento é quando alguém nasce de novo
Momento é mudares de caminho porque aquele não serve
Momento é finalmente ter coragem para dizer o que sempre quiseste dizer e nunca conseguiste
Momento é dares o primeiro passo
Momento é quando te vejo ao chegares
Momento é confiares no que não tem explicação
Momento é dizer não quando sempre se disse sim
Momento é perceber que a vida é mais do que um conjunto de regras
Momento é o desenho do teu sorriso
Momento é o delírio do gosto daquela comida que nunca te sairá da memória
Momento é quando percebes que finalmente estás a amar alguém
Momento é saltares como se voasses
Momento é encontrares o que sempre procuraste
Momento é deixares a carícia da primeira gota de chuva no teu rosto
Momento é quando passas de pessoa cinzenta para colorida
Momento é sentires que a tua ajuda fez a diferença
Momento é seres beijado quando menos esperas
Momento é quando entendo o sussurro da tua pele
Momento é sempre que percebo que leio um livro magnífico
Momento é chegar à alma a letra de uma canção
Momento é receber um jardim inteiro numa única flor tua
Momento é quando ganhas um novo amigo
Momento é cairmos com prazer porque sabemos que nos vamos levantar diferentes
Momento é chorares para limpares a tristeza
Momento é estarmos unidos pelo corpo e sabermos que a alma encontrou a sua metade
Momento é perceberes que ganhas mais num perder do que num ganhar
Momento é ouvires "adoro-te" e saberes que vale muito mais que um "amo-te"
Momento é mergulhar no mar e encontrares o que perdeste
Momento é quando as memórias já não te traem
Momento é dares o teu melhor sorriso
Momento é sentires a paz que te tira o fôlego
Momento é não precisares de falar para lhe dizeres o quanto gostas de o(a) ver
Momento é perceberes que és especial
Momento é rebentares com as amarras para não afundares
Momento é estares só e só escutares o silêncio que tanto te fala
Momento é te sentires feliz no meio de uma multidão porque percebes que afinal nunca estiveste só
Momento é veres a pequena luz que faz toda a diferença
Momento é conseguires o teu sonho
Momento é perceberes que não és mal amada
Momento é quando ao nos sentirmos fracos percebemos que temos muita força
Momento é sentires que precisas de um abraço
Momento é viver os momentos


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Como posso?


Como posso explicar este cansaço residente
que me magoa o corpo que quero resistente?
Como consigo eliminar o vazio gelado
se não estás em mim quando olho para o lado?

Como visto os dias de cruel tormento
quando a vida nos afasta do momento?
Como agarro o tempo brincalhão
se me coloca no centro de um turbilhão?

Como pinto as minhas cores
se os outros ocupam a tela de favores?
Como suavizo o branco da tela
se insistem em te arrastar dela?

Como alcanço a calma lucidez
se me amas com penetrante avidez?
Como acaricio o teu corpo deitado
se tu te perdes no meu suspiro acorrentado?

Como paro as palavras que se esquivam
se me enchem o pensamento e cativam?
Como posso provocar o teu beijo
se me roubaste a perfeita arte do desejo?


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Brinquei


Brinquei com as minhas vontades
e cruzei-me com o terror da dependência.
Brinquei com as tuas verdades
e uni-me com o calor da cedência.

Brinquei com o florir do que morreu
e criei o ramo do renascer.
Brinquei com o constante teu
e cai no delicioso amanhecer.

Brinquei com o passear do vento
e fundi-me com o corpo carente.
Brinquei perdida no descaramento
e abracei o oculto valente.

Brinquei com a melodia suave
e escutei o teu tímido gemido.
Brinquei com o prazo grave
e chorei abatida no teu corpo ferido.

Brinquei com recolhidos beijos
e guardei-me em teus braços privados.
Brinquei com a mão cheia de desejos
e selaste-me nos servis lábios adorados.



segunda-feira, 12 de março de 2012

Momentos


Um tempo sem pressas.
Uma passagem segura.
Um mar onde confessas.
Uma promessa pura.

Uma segunda vez perfeita.
Uma repetição cravada.
Uma pele satisfeita.
Uma vida gravada.

Uma orgia a dois.
Um banquete vazio.
Uma luxúria depois.
Um passo num fio.

Uma espera instantânea.
Um sopro invisível.
Uma carícia espontânea.
Uma felicidade temível.

Uma verdade mentirosa.
Um esquecimento lembrado.
Um apertar de uma rosa.
Um espinho quebrado.



quarta-feira, 7 de março de 2012

Estou


Estou descomposta de saudades.
Estou açoitada de beijos.
Estou acorrentada de palavras.
Estou exposta de perdões.
Estou atingida de amor.
Estou histérica de calma.
Estou trespassada de sensações.
Estou padecida de toques.
Estou torturada de desejo.
Estou queimada de calor.
Estou cativa de carícias.
Estou doente de juízo.
Estou morta de emoções.

Estou assim... perdida...


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desassossego 3


É na declaração desgarrada que o desassossego largo,
cansada de te aguentar em tão pouco saber,
desgastada do espaço repleto do negro amargo
na queda louca do teu sincero receber.

Refugio-me naquele recanto de encantos
que tecemos devagar no singelo sentimento
do desassossego partilhado no nosso canto
como que guardado em poderoso derramamento.

Não entendo a longa compreensão
do desassossego que me embala os desejos.
A tua voz não me larga a solidão
só me sossega em renascidos beijos.

Sou amante das tuas inquietudes
despedaçando cada desassossego cruel
numa roda livre de tímidas virtudes
abandonada nos meus seios de mel.

Inventas carícias que nunca fizemos
no tecido da pele do desassossego
dos corpos colados nas palavras que juramos,
nas juras que nos embalam no calmo sossego.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Segue a minha mão


Não consigo esperar mais.
Não a consigo segurar.
É mais forte que a minha razão.

Segues o seu movimento com os teus olhos gulosos.
Reparas na dança que faço no ar.
Mexo a mão devagar.
Muito devagar.
Imagino tocar-te.

Aproximas-te lentamente sem deixar de seguir a ponta dos meus dedos.
Travas o seu movimento quando te toco no rosto.
Olhamos.
Olhamo-nos.
Trocamos desafios com o olhar.
Deixo descair a mão pela tua pele.

Recomeço a dança dos dedos junto do teu peito.
Nu.
Despido.
Desprovido.
O teu peito espera por mim.

São as costas da mão que te tocam em primeiro lugar.
Sinto o calor.
Cravas o teu olhar conquistador nos meus olhos piedosos.
Viro a mão e danço os dedos pela tua pele na breve escuridão da luz.
Estou colada em ti.
Estou misturada em ti.

Subo.
Subo a dança dos dedos e toco-te nos lábios.
Cerrados.
Fechados.
Proibidos.
Recebem o ritual de uma mão perdida.
Impedida, demoro os dedos nos lábios que cobiço.

Prendes-me.
Levantas a tua mão e aprisionas a minha.
Agora, és tu quem dança em mim.
Segue a minha mão, dizes...


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Folha


Sou folha da árvore que balança
perante a força do teu viajar.
És vento que ronda a aliança
e não se cansa de me testar.

Beija-me com as tuas aragens
como quem prende sem amarrar.
Roubas-me tesouros nas margens
porque te mostro o meu tentar.

Danço presa no ramo forte
sem me deixar despir.
Julgo colher tua farta sorte
nas veias escondidas do teu abrir.

Mutilo a vontade de fugir
como quem açoita a frágil criança.
Oiço gritos no profundo sentir
e só te quero alimentar a esperança.

Cortas-me o laço que me ligava,
e nos teus remoinhos consolas.
Choro pranto que duvidava
nesta angústia com que me violas.