Dizem
que já não se escrevem poemas de amor.
Então
o que faço às cores do deitar da noite que te aconchegam?
O
que faço eu às palavras que te despem?
Onde
sacudo o pó dos silêncios que chegam?
O
que faço ao refúgio da palavra só nossa?
Como
me seguro de ti quando te perdes em mim?
E
as infindáveis faltas que temos de nós?
Onde
as esmago para que sofram um fim?
O
que faço ao perfume da saudade que te banha?
Então
o que faço à tranquilidade com que me amas?
E
aos contínuos recados dos nossos olhares?
Onde
me envolvo nos pedaços com que me chamas?
Como
vou viver sem escrever poemas de amor?