Abençoada a espera que não entendo
reluzida no meu corpo cansado,
aconchegando-me com o que não aprendo
perdida no leito ousado.
Abençoada a saudade que me torna amante
das amarras de almas presas,
do vento esculpido e provocante,
das âncoras de palavras acesas.
Abençoada a angústia que não repousa
abraçada na claridade do ventre,
que incendeia o que não ousa,
que desespera no que sente.
Abençoada a certeza de te ouvir por dentro
na fortaleza do desejo obscuro,
guardada na porta por onde entro
onde perco o que sempre procuro.
Abençoada a loucura de te querer
nesta troca que a vida finge,
na perdição a que te deixo sofrer,
da noite que ausentes nos tinge.
Funesto tempo fechado
que nos envolve num laço que arde,
unindo o nosso amor achado
vestindo-o num tão vagar cobarde.
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