segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Segue a minha mão


Não consigo esperar mais.
Não a consigo segurar.
É mais forte que a minha razão.

Segues o seu movimento com os teus olhos gulosos.
Reparas na dança que faço no ar.
Mexo a mão devagar.
Muito devagar.
Imagino tocar-te.

Aproximas-te lentamente sem deixar de seguir a ponta dos meus dedos.
Travas o seu movimento quando te toco no rosto.
Olhamos.
Olhamo-nos.
Trocamos desafios com o olhar.
Deixo descair a mão pela tua pele.

Recomeço a dança dos dedos junto do teu peito.
Nu.
Despido.
Desprovido.
O teu peito espera por mim.

São as costas da mão que te tocam em primeiro lugar.
Sinto o calor.
Cravas o teu olhar conquistador nos meus olhos piedosos.
Viro a mão e danço os dedos pela tua pele na breve escuridão da luz.
Estou colada em ti.
Estou misturada em ti.

Subo.
Subo a dança dos dedos e toco-te nos lábios.
Cerrados.
Fechados.
Proibidos.
Recebem o ritual de uma mão perdida.
Impedida, demoro os dedos nos lábios que cobiço.

Prendes-me.
Levantas a tua mão e aprisionas a minha.
Agora, és tu quem dança em mim.
Segue a minha mão, dizes...


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