quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Desassossego 1

Que nome terá este desassossego que paira em mim
como águia faminta que me leva a voar
nas chamas mais frias da impaciência sem fim
numa vontade de correr e no infinito me soltar.

Agarro-me ao corpo que não pára de gritar
nas batalhas sem vencedores que me consomem.
Vivo o desassossego que não sei controlar
neste campo de pele húmida chamada homem.

O tempo passa, a calma desfalece e a espera agoniza,
e eu escrevo o desassossego numa página que custa virar.
Não sei pintar no pincel que em ti harmoniza
porque és tu o mago sabedor que insiste em o comandar.

Enjaulo o desassossego numa alma insatisfeita
que deambula sufocada em promessas ocas.
Desfaço-me em pedaços inteiros da vontade perfeita
caio devagar no teu rio de aparências loucas.

Não são simples gotas que em ti derramo.
São lágrimas de desejo, são lágrimas de desassossego.
Tu que me lês assim, de aberto e ferido ramo
puxa-me para ti e dá-me o apetecido sossego.

2 comentários:

  1. Cara Marciana, gostei deveras de poema! Ouso dizer que a meu ver se fosse em versos brancos ficaria bem mais sonoro...
    Grande abraço,

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  2. 'brigada Rodrigo :) Vão haver mais desassossegos ;)

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