sexta-feira, 27 de maio de 2011

Desaguas em mim

Repouso suavemente a mão no limiar da água que me banha
no conforto dos teus silêncios,
aqui,
ao meu lado.
Desaguas em mim,
a tua cobiça
que se viciou na minha pele.
Respiro colorida os teus credos medos,
e lavo-os devagar,
filtrando a agonia,
acrescentando harmonia.
Desaguas em mim,
engolindo as preces dos meus olhos,
num beijo corrompido de vicio,
no pesar desejo de amar.
Movo-me nas águas que me secam para te receber,
no ritual de te querer e não querer,
no sacrilégio de te ter e não ter.
Desaguas em mim,
infiel ao tempo que te mantém cativo,
sedutor ao afecto que derramas em cada segundo,
na minha pele,
no meu ventre,
na minha alma.
Segredo ao teu ouvido
as palavras que descem intimas,
conhecedoras dos teus caminhos,
sabedoras da tua firmeza,
encharcadas de mim.
Desaguas em mim,
as fantasias da tua realidade,
que apertas contra ti,
esmagando o medo de me perderes.


(poema criado a partir de uma sugestão com a frase 'Você desagua em mim')


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