terça-feira, 9 de novembro de 2010

O amor pode chegar de repente

Chegas quando menos espero, repentino amor,
que marchas nas ordem de um destino aturdido
recolhendo, passo a passo, restos de um meigo clamor
que tímido grita pelo meu olhar nunca estendido
já cansado de ventos e remoinhos de constante desamor.

Fecho os olhos e juro, a mim mesma, assim não acreditar
mas não resisto e vislumbro na perdição da minha alma
a vontade pasmada e rebelde de te aceitar
nesta cedência, de uma vez mais desejar a calma
de um impulso bravio que mais não é senão um breve enfeitar.

Giro, rodopio neste remoinho repleto de emoções
como quem peneira cegamente aquele ouro
que apenas luz à fortuna e não ao mais servil dos corações
porque recusa enfeitar um mero espírito tesouro
que afronta os desígnios das mais cruéis aflições.

Cai por mim uma gota de suor que leva bem certeira
a lágrima que guardei para o meu dia de felicidade
e pegando nela suavemente, agito-a numa bandeira
que elevo na batalha que esgota pela imensidade
das lutas que recuso perder num jogo onde ainda estou inteira.

Nasce a ligação que me faz perder em folhas do sonhar
os sopros das palavras que recebo de ti em mim
descrevendo traços do que me queres levar a amar
num percurso trágico e incerto que mesmo assim, enfim
recuso a ver e me banha em chuvas de ventura que oiço clamar.

Permaneço quieta e abro-me para te receber,
amor este, que ainda desconheço mas que sacia o meu desejo
de saborear os cantos imediatos e remotos do teu beber,
e que dos teus braços nasça o forte ensejo
de sustentar o tempo e reinar no meu singelo conceber.

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