sexta-feira, 22 de outubro de 2010

E na chuva veio o cheiro

Não vale a pena negar.
Quando chove sigo o cheiro com que hipnotizas os meus sentidos.
Flutuo no ar levada pela tua essência.
Puxas-me lentamente e atiras-me com gotas de uma chuva que me sara de ti.
O teu cheiro de chuva deixa-me insana, arrepiada e numa rendição enfeitiçada pelo teu toque provocador.
Agito a cabeça, agarro-me a ela para te tirar dos meus sentidos.
Mas estás espalhado por mim...
... dentro das veias...
... por cima da pele...
... e no centro de mim.
Arranho-me para te parar!
Sai!
Sai de mim ou entra por mim adentro e não saias jamais!
Tenho fome do teu cheiro no meu respirar.
Estás de volta, essência louca, que me faz perder o juízo numa luxúria de ânsia e desespero por não te conseguir tocar
Ordeno a paragem da chuva com que me molhas e comando as nuvens para me guiarem para longe de ti.
Não me construas se não fazes parte da chuva que me abraça.
É o meu herói ou a minha flecha quebrada?
Sinto a flecha cravada e deixo-me cair na poça que criei das tuas lágrimas,
que criei da chuva que fiz chover em mim e deixo inebriar-me pelo cheio das suas gotas,
na terra que é o meu corpo.
Guardo as lágrimas para a minha chuva de alma.
Crio agora, devagar, o meu cheiro de chuva.
Quero-te, mas só quando me quiseres.



Texto escrito com o tema "O Cheiro da chuva" para o desafio mensal do blog...

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