quinta-feira, 6 de maio de 2010

Baile de Máscaras

Naquela noite sentia-me algo insegura por ir aquela festa sem conhecer ninguém. Mas algo me puxava para o fazer. "Uma loucura", pensei "Preciso. Preciso de uma loucura".
À medida que caminhava para a entrada o coração batia cada vez mais rápido.
Ajeitei a mascara veneziana de tons prateados e azuis e olhei melhor para o vestido que vestia: era azul-turquesa, comprido, justo, num maravilhoso corpete que salientava a minha pele branca e as curvas do peito. O tema era o clássico e eu sentia-me uma donzela. Na verdade, sentia-me uma princesa.
Quando cheguei ao grande salão, respirei fundo e enchi-me de coragem e desci cada degrau devagar. Senti que tinha olhares sobre mim. Afinal o baile de máscaras estava cheio e animado.
Levantei o olhar, olhei em redor e questionei o que fazia ali. Rapidamente, alguém veio pedir para dançar comigo.
Aceitei.
Respirei fundo e lá fui eu. Sorri e deixei-me ir na dança mas não estava ali. Subitamente, o meu olhar encontrou um misterioso observador encostado a uma coluna. Os seus olhos por debaixo da mascara, pareciam despir-me. Baixei o meu olhar e prossegui a dança.
Mas era hipnótico. Os olhos cruzaram-se de novo. Ele não conseguia parar de me olhar e, eu, por mais que desejasse não conseguia parar também.
Vestido de negro, de máscara negra e reluzente, parecia que me atraia sem piedade.
A música terminou e o meu par pretendeu continuar mas eu recusei.
Foi então que senti a minha mão a ser tocada e arrepiei-me.
Era ele.
Sem parar de me olhar agarrou-me e começou a dançar a nova música e eu, completamente sem reacção, sentia o coração acelerado junto ao seu peito. O quente estava a inebriar-me. Confesso que estava submetida aquela magia.
Os seus olhos pareciam que brilhavam e devagar entre rodopios que faziam agitar a longa saia do meu vestido, levou-me para fora da zona de dança. Parámos de dançar e apertando-me a mão guiou-me para outra zona daquele enorme palácio.
Era como se fosse seu dono. Conhecia cada recanto.
Receio, loucura e mistério levaram-me a não recusar o seu encaminhar.
Chegámos a uma escadaria obscura, iluminada pela luz exterior.
Os seus olhos não paravam de me cravar admiração e então a sua mão tocou-me o rosto... devagar. O polegar forçou a entrada nos meus lábios e eu acariciei-o com a língua. Tapou-me a cara com a mão e senti um gemido seu.
- O que está a fazer?, perguntei.
Virou-me de repente e, colocando-se nas minhas costas, disse agarrando-me no pescoço:
- Sedução...
Não resisti em largar um suspiro profundo. Queria mesmo sentir tudo aquilo.
As suas mãos começaram a descer e, depois da pele livre, encontraram os primeiros sinais do corpete do vestido. Puxou a fita e a pressão dos meus peitos ofegantes tratou de fazer o resto. Nada consegui fazer contra o seu toque explorador.
A sua respiração não parava de me dar ordens junto ao meu ouvido. Fechei os olhos e não queria acreditar que fosse possível estar a permitir tal coisa de um desconhecido.
Abraçou-me pela cintura e deitou-me nos degraus da escadaria de pedra.
Explorou-me de novo. E eu segurei-lhe nos cabelos escuros e puxei-o para os meus lábios. Não consegui aguentar mais. Tive de o beijar. Era como se já o conhecesse de outras vidas.
A mão quente e já suada de desejo levantou-me o vestido e nada pude fazer perante a sua tirania.
Os olhos batalhavam-se num jogo de volúpia e prazer. Os lábios não se tocavam... provocatoriamente.
Respirei fundo e deixei-o entrar. Deixei-o entrar na minha muralha. Estava rendida.
Os olhos olharam-se de novo e larguei uma lágrima por não saber onde estava se no céu ou no paraíso.
Ele, sorriu e respondeu-me com a pele e queimor do seu apetite por mim.
Tremeu e eu tremi.
A escadaria pareceu-me desmoronar com a força com que ele segurava nas minhas mãos cravando-me na pedra fria mas quente de nós.
Encostámos testas e deixámos sair sussurros.
- Amo-te. - deixei escapar ainda ofegante.
Por entre um sorriso malicioso, ele respondeu:
- Para o nosso próximo aniversário de casamento prometo fazer ainda melhor.

(resposta a um desafio com o tema 'Sedução')

3 comentários:

  1. Arrepiante!
    A força invisível que une dois seres!
    Este final!!!!
    Lindo!!!!!!

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  2. Mal posso esperar pelo próximo aniversário de casamento destes dois! :)(gostei muito!)

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  3. ehehehe Fizeste-me rir Ruy :-) Nem eu posso esperar :-)))))))) vai sair asneira pela certa!

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