quarta-feira, 7 de abril de 2010

Quantos segredos cabem dentro de ti?

Naquela tarde senti-te distante. Olhavas para a janela e parecias não estar ali comigo. Aproximei-me e rodeando-te com os braços perguntei em que pensavas. Deste um leve sorriso e respondeste: 'Segredos. Que importância podem ter e que peso nos podem dar.'
Levantei os sobrolhos por pensares em tal assunto num dia tão lindo como aquele: 'Mas tu tens segredos?'. Viraste para mim e respondeste: 'E tu não tens?'
Foi a minha vez de sorrir: 'Tenho. E posso te revelar todos.' Lancei-te o meu sorriso mais maroto e acrescentei: 'Vamos fazer um jogo...'
Intrigado com a ideia, quiseste saber logo que jogo se tratava. 'Um jogo de adivinhar onde vou... tocar.', revelei.
Percebendo o teu ar de um misto de surpresa e vontade de descobrir aquela brincadeira, fui buscar um lenço escuro. Levei-te pela mão até à ponta da cama e tapei-te os olhos. Quiseste tocar-me mas eu afastei as tuas mãos dizendo: 'Não me podes tocar enquanto não me revelares o teu maior segredo'.
Ias para responder quando te calei com as palavras ao teu ouvido: Sempre que adivinhares onde te vou tocar, dir-te-ei um segredo meu.
A tua expressão alterou-se e o teu corpo começou a emitir sinais provocatórios.
Liberto-te da roupa e começo por perguntar: 'Onde te vou tocar?'. 'Peito' respondes a medo. Decepcionando-te, beijo-te no pescoço. Passo com os meus dedos pelos teus lábios quentes e pergunto de novo. Por entre respostas erradas, jogo maliciosamente com a tua ansiedade. Controlas a tremenda vontade de terminar aquele jogo e de me prenderes debaixo de ti para satisfazer a necessidade de seres tu a dominá-lo, de seres tu a explorar-me.
Sentes o meu bafo quente. Respiras forte porque adivinhas onde te vou tocar. 'E agora? Para onde vou?', pergunto com vontade de te mordiscar. E tu sem largares uma palavra mostras a resposta no erguer do teu desejo. Suavemente, acaricio-te e por entre gemidos teus sussurro-te, finalmente, ao ouvido um segredo.
E perguntas-me ofegante: 'Quantos segredos cabem dentro de ti?'
'Todos os segredos que conseguir aguentar...'. Rodeio-te, sento-me em ti, agarro-te no rosto e acrescento: '... todos que merecerem a minha confiança.
Com os lábios quase colados, retiro-te o lenço dos olhos. Espero pelo momento certo. Fixas-me com atenção e ouves-me a dizer-te olhando-te nos olhos:
'Não percebeste que o último dos teus segredos está o teu corpo a confidenciar-me neste momento?'.


(texto em resposta a um desafio com a frase "Quantos segredos cabem dentro de ti?")

10 comentários:

  1. Lindo momento... intenso e... que sonho :-)... acho q já vivi algo parecido ehehehhe, diria q belo texto a fazer recordar algo bom no passado.
    Adorei...
    Bjocas grandes em ti e continua a escrever... adorei a foto.
    Nuno

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  2. Por tua causa, cara compatriota... comi a sopa quase fria! Comecei a ler, e não consegui parar, li com a calma de um monge tibetano. Provavelmente, até à data, é o meu texto preferido, escrito por ti.
    Parabéns! Estava delicioso.

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  8. A sério Nuno? Boa!! :-) Agradecida pela tuas palavras

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  9. Ai fizeste-me rir, Ruy!! Para a próxima lês depois da sopa ;-) Agradecida pelas tuas palavras :-)

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  10. Só quem sente com toda a força do infinito, doa aos leitores esse sentir.
    Nada acontece por acaso

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