segunda-feira, 19 de abril de 2010

De quanto...

De quanto preciso dar-te mais para saber o que sentes por mim?
...apetece-me perder a paciência de o saber...
De quanto devo aguentar agarrar o sol para me veres?
...será que só me vou queimar?
De quanto mais tempo devo guardar a palavra 'Amo-te'?
... só me aparece guardá-la e nunca a tirar...
De quanto vale travar o tempo se ele não me traz notícias tuas?
... o silêncio é o cravar de punhais na carne...
De quanto consigo aguentar sem te abraçar olhando-te de perto?
... e se repudias o meu calor?
De quanto preciso para cair e não passar do céu?
... não quero a queda livre de novo...
De quanto necessito gritar para te puxar para aqui?
... perco a voz e não passas nem perto de mim...
De quanto tenho de escavar com as mãos para encontrar a chave do teu amar?
... ou terei de olhar mas as feridas de nada encontrar?
De quanto preciso de planar como uma folha para encontrar o teu colo?
... ou de ser a folha que é estilhaçada com um pé?
De quanto tempo devo ficar quieta para me encontrares?
... o tempo de criar raízes secas?
De quanto oiço o teu tocar porque quero a sinfonia em vez da canção?
... e se só ouvir a surdez dos sons?
De quanto mais devo parar de tremer quando sigo pelo caminho de caminhas?
... ou terei de ir por outro caminho porque este não tem futuro?
De quanto tenho de ver Pouco para começar a ver Muito?
... ou devo simplesmente fechar os olhos?
De quanto devo apaziguar a mente para que ela não me encha de saudades tuas?
... afogando essas saudades?
De quanto necessito padecer para conhecer a direcção certa?
... partir-me em duas e perder-me do outro pedaço?
De quanto consigo aguentar a batalha dos minutos que não passam?
... destruindo os segundos que os antecedem?
De quanto consigo sonhar em sentir o teu respirar no meu ouvido?
... e o que faço se te perder?
De quanto devo confessar que és o meu alimento diário?
... ou devo passar fome porque não me alimentas?
De quanto vale a minha vida nas tuas mãos?
... ou queres simplesmente deixá-la cair?
De quanto terei de moldar as formas para que te possa criar perfeito?
... e de perfeito arrancarás a mágoa em mim?
De quanto conseguirei eu aguentar os dias sem ti, aqui junto de mim, porque estás aí, longe?
... e valerá a pena aguentar a distância?
De quanto posso exigir o melhor vento que me afaga às tuas ordens?
... esperando que esse vento não se transforme em devastação.
De quanto aguento sem vestir o meu verdadeiro papel nesta vida?
... esse vestir pode nunca chegar.
De quanto tenho de desbravar por selvas de espinhos para chegar às pétalas do teu toque?
... cuidado que as feridas dos espinhos podem nunca de curar.
De quanto mais te deixo povoar na minha mente cheia de mistérios criados por ti?
... devo ignorar esses mistérios e tratá-los como desperdícios.
De quanto tenho de matar o vazio que a tua falta me faz?
... mata a dependência para que não te seque por dentro.
De quanto material consigo criar o imenso canto que reservei para ti?
... o espaço elimina-se depressa.
De quanto precisas para me dizeres o que tanto desejas dizer e não dizes?
... conseguirei eu esperar a resposta?


5 comentários:

  1. Acho q tens de saber esperar até :-)... belo momento... gostei de ler...
    Conseguiras esperar sem responderes?

    Bjocas grandes na Marciana,
    Nuno

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  2. vale sempre a pena vir até aqui =)

    beijinhoooooo

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  3. Que lindoooooooooo, ai como me identifico com o que escreves =).
    Beijosssssssssssss

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  4. Olá meninas! Agradecida pelas vossas palavras :-)

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  5. O impossível não existe. Quando menos esperamos, uma estrela entrega-nos um rasgado clarão...e tudo fica transparente. Não há esconderijo possível.
    Nada acontece por acaso.

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