quarta-feira, 17 de março de 2010

O rosto na nuvem

Apeteceu-me deitar-me a olhar para o céu.
Confesso que nunca tinha visto um azul daqueles.
Mas pelo canto do olho vi as nuvens aproximarem-se.
O vento puxa-as, e elas obedecem.
Fechei os olhos e queria que ele levasse a tristeza que ainda anda por mim.
Abri os olhos e vi cada ponto branco daquelas nuvens que o vento misturou.
Abro ainda mais os olhos e elas só me fazem lembrar de ti.
Desenham o teu rosto que ainda não esqueci nem vou esquecer.
Lembro-me das nuvens que vimos juntos e que acariciavam a Lua.
A Lua foi nossa, não se importando com o passar delas.
Estendo a mão e limpo o céu com os dedos e as nuvens desfazem-se.
E volta aquele azul que nunca vi.
Mas de repente, apareces.
Apareces mesmo.
Fecho os olhos e peço só para ver a realidade.
Devagar, muito devagar, abro os olhos e vejo que já é noite.
Adormeci e o tempo, afinal, passou.
E não sei o que me mostrou...
Lembro-me, então, que o céu renasce todos os dias.
O que se passou?
O que devo acreditar?
O que devo sonhar?
O que estou a viver?
O que devo decidir?

Sem comentários:

Enviar um comentário