sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Uma carta de amor

Estico a folha sobre a mesa junto à janela.
Olho para o céu e pego na caneta.
Desvio a cabeça e olho de soslaio para o rádio onde comecei a ouvi aquela música.
Respiro fundo e deixo o coração comandar a minha mão.
Escrevo-te.

Escrevo-te sem ter tinta.
Mas as palavras surgem no papel, desenhadas e bem reais.
Estás no meu pensamento cada segundo que ainda não vivi.
Habitas no meu corpo sem nunca me teres tocado.
Respiras junto ao meu ouvido sem estares aqui.
Povoas as minhas imagens sem nunca te ter fotografado.
Controlas a minha inspiração sem parar.
Puxas pelas palavras que a minha mão escreve sem eu as conseguir travar.
Abro a boca e grito mas só sai o silêncio porque me beijas com a saudade.
Largo a canela, mas as mãos continuam a escrever estas mesmas palavras.
És as marcas da sina na palma da minha mão, aquela mesma mão que me acaricia todos os dias por ti.
Estás escrito em mim.
Não quero estar aqui, não porque não estejas a meu lado, mas porque não consigo respirar sem ti...
aqui...
neste lugar...
neste instante
nesta vida.
Mordo-me para acreditar que não estou a viver uma ilusão.
Mas
vejo-te,
leio-te,
imagino-te.
Suspiro sabendo que vai até ao caminho que te conduz a mim. Ai! Porque me atormentas assim?
As linhas surgem umas atrás das outras despertando sentimentos e ansiedades escondidas e que apertam o peito como que se quisessem sair e não pudessem!
O amor não se escreve... Sente-se.
Porque quando se escreve já ele existe.

2 comentários:

  1. O amor é essência
    etérea, indefinível
    O coração é o seu compasso
    marca o ritmo
    dá-lhe corpo
    dá-lhe o corpo
    fá-lo inteiro
    Dá novas vidas
    às palavras despertas

    Belas palavras!

    ResponderEliminar