quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Viajo pelo espaço

Coloquei o capacete.
Ajeitei o fato.
Activei o motor e lá vou eu.
Sentada na minha nave vou viajar pelo espaço.
O simples viajar para ver o mar já não me contenta.
Preciso de ver o espaço.
Silencioso, frio, perturbador, encantador.
Vasto e misterioso, tal como é o futuro.
Parto para viajar por mim mesma.
Saio da Terra e vou em direcção a Marte, a minha casa.
É frio mas reconfortante e faz-me recuperar forças que perco quando dou de mim e não recebo.
Desço só para tocar na terra. Cheiro-a e assim mato a saudade.
Volto à nave e prossigo.
Júpiter fica ali mesmo em frente. Imponente, como o Amor é.
Mas tenho medo de me aproximar. A sua gravidade puxa-me e esmaga-me.
Desvio-me para, talvez, mais tarde voltar. Não posso esmagar-me de novo.
Saturno vem já a seguir.
Estico a cabeça e vejo os seus anéis e sinto que abraçam as minhas sensações. É definitivamente a ilusão. Gosto, mas não me deixo levar pelo falso.
E sigo em frente para encontrar o Úrano azul.
Está triste por estar longe mas não deixa de me dar esperança.
Vive rodeado de satélites com nomes das personagens das obras de William Shakespeare. E Shakespeare escreveu tão belas palavras sobre o amor...
Neptuno aparece logo para me chamar a atenção.
Leva tanto tempo a dar uma volta ao Sol mas nunca desiste e diz-me para nunca desistir do ser como sou.
Dou meia volta e começo a regressar para a Terra sem antes olhar para o que fica para lá do sistema Solar.
Apetecia-me lá ir. Apetecia-me começar num outro sistema, longe.
Mas...
... pertenço ao Sol.
Pelo caminho penso no que devo fazer,
no posso fazer,
no que vou fazer.
Sabe bem viajar pelo espaço para depois decidir a realidade.

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