quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Para onde vai a Lua durante o dia?

Questionei, pensei e tinha de descobrir.
Um dia, decidi segui-la.
A Lua não me viu e sentou-se solitária junto a um canto, bem perto da janela e...
... chorou.
Não queria crer no que via. Porque ficou assim, daquele modo?
'Porquê?', não parava de perguntar.
Deixei-me ficar escondida e, então, percebi.
A Lua, tinha saudades da sua Noite.
Para si, nada mais importava a não ser a noite.
Era à noite que se sentia útil e desejada.
Era à noite que se sentia parte de um universo, complexo sim, mas dependente das pequenas individualidades de cada peça viva.
À noite, ficava rodeada de estrelas, cometas, galáxias, suspiros e desejos.
Queria a sua Noite para ajudar a encantar, a seduzir, a reconfortar e a amar.
O que seria dos enamorados sem a sua paixão?
O que seria dos solitários sem a sua luz?
O que seria dos sonhadores sem a sua inspiração?
A Lua necessita receber as juras, as promessas, os desejos... os sonhos, os lamentos.
Durante o dia, a sua magia perde-se para o potente e ditador Sol.
Durante o dia, lamenta a perda da escuridão que lhe dá alento e energia.
Durante o dia, chora o desaparecimento do brilho e do fascínio do Céu nocturno.
Eu não supunha que a Lua fosse assim tão emocional.
Mas agora percebo porque olhamos para ela.
Cada cratera é um coração partido.
Cada grão de areia é um beijo perdido.
Cada silhueta no céu é uma letra de palavras marcantes: D e C.
Cada aparição sua é uma saudação.
Assim, com todo o peso das nossas emoções mais profundas, como pode a Lua aguentar ficar ausente da Noite durante tantas horas?
Agora percebo porque a Lua tem um lado oculto.
É onde guarda a sua reserva da Noite para aguentar o Dia.

(resposta a um desafio pedido usando a frase 'Para onde vai a Lua durante do dia')


1 comentário: