segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Escrever

Escrever para mim é lavar a alma.
Expurgá-la de palavras que caem nos corredores mais distantes da minha mente.
Corredores esses cheios de gavetas, umas a abarrotar e outras semi-vazias, mas todas com algo para contar.
As palavras saltitam para o chão para eu as veja, para eu as recolha, para que eu construa algo.
Recusam-se a ficar fechadas apenas povoando os meus silêncios e pensamentos.
Empurram as gavetas com toda a força e gritam: Escolhe-me! Escolhe-me!
Há gavetas que deixam sair umas mais do que outras.
Quando escrevo é vê-las a saírem ordenadamente ou em sufoco, acotovelando-se para ver quem é a primeira a sair para os dedos.
E quando repousam num papel ou num ecrã... sossegam e sentem-se felizes por fazem algo mais do que ser apenas um conjunto de letras.
Crescem.
Responsabilizam-se por histórias, desabafos, memórias, desejos e alegrias.
Não gostam de fazer parte da tristeza de um texto mas, às vezes, não o podem evitar.
Adoram a inspiração e detestam o silêncio.
Adoram o significado e detestam a cópia.
Adoram a companhia de uma imagem e detestam o abandono num canto poeirento.
Escrever é assim, é dar alma às palavras, é deixá-las falar por mim.

Sem comentários:

Enviar um comentário