quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Vale

Descalço-me e esfrego os dedos para sentir o toque daquela terra só minha.
O fresco percorre-me as entranhas como se recebesse uma magia.
Chega ao rosto em forma de sorriso, daqueles que enchem uma montanha.
E é nela que me transformo.
Até as nuvens, ainda cinzentas, param para sentir a minha alegria. Acabam por dispersar para deixar o sol espreitar a forma que vou criando como inicio do vale.
Observa-me curioso para ver se eu mereço a sua atenção.
Ajeito os braços criando socalcos, fecho os olhos e espero.
Entreabro o olho vejo-te chegar.
És tu quem faz a magia, és tu quem de dá o prazer que me leva a sentir que sou uma montanha com tanto para dar, decorando uma paisagem idealizada por ti.
Deitas-te e assim nasce a outra montanha do vale. Mais rude, forte, sensível, orgulhosa, misteriosa, carente e ardente.
Deixas passar o rio que ambos criámos quando unimos os lábios num beijo entre o fogo e a terra.
As plantas observam caladas o egoísmo do nosso momento.
Somos os donos daquele lugar e tudo que nos pertence até o êxtase final de uma união quase perfeita.
Quase perfeita porque o Tempo não nos deixa permanecer juntos.
Porque ainda não decidiu o que fazer connosco.

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